AbdonMarinho - Educação é investimento de longo prazo.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 11 de Maio de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Edu­cação é inves­ti­mento de longo prazo.


EDUCAÇÃO É INVES­TI­MENTO DE LONGO PRAZO.

Por Abdon C. Marinho.

RECEN­TE­MENTE foi divul­gada uma pesquisa apon­tando que a edu­cação brasileira estaria dez anos atrasada em relação a edu­cação de out­ros países desenvolvidos.

A pesquisa com o dado, por si, já pareceu-​me como muito pre­ocu­pante trazia, ainda, um outro mais ater­rador: para recu­per­ar­mos a década per­dida, começando de agora, levare­mos seis décadas. É isso, 60 anos para recu­perar o tempo per­dido.

Já tinha uma ideia sobre a demora exis­tente entre o plan­tar da semente edu­ca­cional e o col­hi­mento dos fru­tos do saber.

Entre os anos de 2010 e 2016 meu escritório prestou asses­so­ria jurídica para Municí­pio de Mor­ros e, como sem­pre faço, o tra­balho jurídico de qual­quer municí­pio é o de menos, como sem­pre fui lig­ado à edu­cação – sem­pre me moveu o inter­esse de con­tribuir com a mel­ho­ria das condições de ensino do país –, par­ticipei ati­va­mente dessa política naquele municí­pio.

A prefeita de então, Sil­vana Mal­heiros de Araújo, com­prou a ideia de que era necessário mod­i­ficar aque­las condições de ensino que encon­trara no municí­pio, no que con­tou com o apoio da cat­e­go­ria mag­istério, que, registre-​se com imensa ale­gria, abriu mão até dos aumen­tos dev­i­dos para que os recur­sos fos­sem investi­dos na infraestru­tura das escolas.

Ao tér­mino dos oito anos Mor­ros con­tava com seis polos edu­ca­cionais e mais dois em pro­jeto, sendo que para o polo da sede, deixou-​se o ter­reno com­prado.

A medida de cen­tralizar a edu­cação munic­i­pal em polos estru­tu­ra­dos, inclu­sive, com inter­net em plena zona rural, pos­si­bil­i­tou a elim­i­nação de quase uma cen­tena de escol­in­has que fun­cionavam em condições abso­lu­ta­mente insalu­bres, em casas de famílias, casa de far­inha, igre­jas, e out­ras estru­turas que poderíamos chamar de tudo, menos de escolas.

Quando saiu o resul­tado do primeiro IDEB pós gov­erno, imag­i­nava que já fôsse­mos col­her os fru­tos do que fora feito.

Ledo engano, a despeito da ver­dadeira rev­olução que fize­mos, lá estava Mor­ros em situ­ação bem des­fa­vorável no indicador.

Encon­trando o secretário de então, perguntei-​lhe o que havíamos feito de “errado” e ele respondeu-​me com bas­tante sin­ceri­dade: — doutor, dev­eríamos ter investido tam­bém no pedagógico.

Sil­vana – tão apaixon­ada quanto eu por edu­cação –, ao apresentar-​lhe certa vez um pro­jeto edu­ca­cional muito ino­vador, teve a seguinte reação: — Que pro­jeto mar­avil­hoso, Dr. Abdon.

Sem perder a piada, respondi-​lhe: — Ei, acorda, a sen­hora esque­ceu que não é mais prefeita? Rsrs.

Com a exper­iên­cia adquirida na prática, com­preendi per­feita­mente o fato dos indi­cadores edu­ca­cionais divul­ga­dos às vésperas das eleições apon­tando o nosso estado, mais uma vez, na “rabeira” dos indi­cadores edu­ca­cionais e que foram motivos de explo­ração pelos adver­sários do atual e do gov­erno ante­rior – que são a mesma coisa.

Ocor­rera o mesmo que se dera em Mor­ros.

Qual­quer um com um mín­imo de hon­esti­dade int­elec­tual há de recon­hecer que nos últi­mos oito anos investiu-​se como nunca em edu­cação no estado, eliminou-​se, acred­ito, cen­te­nas, talvez mil­hares de escol­in­has de “faz de conta”, ampliou-​se o número de IEMA’s e a rede de esco­las públi­cas em tempo inte­gral, mas o resul­tado AINDA não veio, cer­ta­mente virá um dia.

Escal­dado pela própria exper­iên­cia, fiz diver­sos aler­tas sobre a neces­si­dade de se con­ju­gar a mel­ho­ria na infraestru­tura da rede com a ampli­ação do apelo pedagógico.

Tal pesquisa e as infor­mações sub­se­quentes vêm cor­rob­o­rar com aquilo que venho dizendo, aqui mesmo, nesta página eletrônica, há mais de uma década: faz-​se necessário uma soma de esforços envol­vendo as três esferas de gov­er­nos: fed­eral, estad­u­ais e munic­i­pais e, ainda, da sociedade, notada­mente, dos pais, dos pro­fes­sores, coor­de­nadores pedagógi­cos, etc., na con­strução de uma edu­cação sól­ida e atra­tiva, com o obje­tivo de envolver as cri­anças e ado­les­centes no processo de apren­dizado.

A edu­cação me fascina e cativa – tudo que sou, tudo que pos­suo, devo a ela, prin­ci­pal­mente, à escola pública, onde sem­pre estudei, desde a escol­inha do meu povoado até chegar na Uni­ver­si­dade Fed­eral do Maran­hão –, e, por onde passo, e sem­pre que tenho a opor­tu­nidade, dis­cuto com gestores munic­i­pais sobre a neces­si­dade de ini­cia­r­mos uma “rev­olução edu­ca­cional” no país.

Estou con­ven­cido que se insi­s­tir­mos em faz­er­mos as mes­mas coisas que já esta­mos fazendo – e do mesmo modo –, vamos sem­pre obter os mes­mos resul­ta­dos que esta­mos obtendo, ou seja, uma edu­cação atrasada cerca de dez anos em relação a out­ros países desen­volvi­dos (no Maran­hão um pouco ou muito pior).

Faz-​se necessário con­vencer os gestores e edu­cadores que edu­cação não é custo, pelo con­trário, é um inves­ti­mento que tem o maior retorno que se possa imag­i­nar.

E não falo ape­nas no retorno “abstrato” com a aquisição do con­hec­i­mento, como muitos podem pen­sar, o retorno que falo é o retorno finan­ceiro mesmo, é a riqueza que retorna para os municí­pios e para os profis­sion­ais envolvi­dos na edu­cação das nos­sas cri­anças e jovens.

Trata-​se de uma conta fácil de ser feita.

Os recur­sos públi­cos para edu­cação são cal­cu­la­dos con­forme o número de alunos matric­u­la­dos na rede, logo, quanto mais alunos mais recur­sos. Cada aluno “rende”, imag­inemos que R$ 6 mil reais (o valor exato depende da modal­i­dade de ensino, se urbano, rural, infan­til, etc), se colo­car­mos esse mesmo aluno no con­traturno ele pas­sará a “ren­der” mais 30% (trinta por cento) indo a R$ 7.800,00 (sete mil e oito­cen­tos reais), um acréscimo de R$ 1.800,00 (um mil e oito­cen­tos reais); bom mesmo é se o municí­pio ou estado con­seguir colo­car a criança/​adolescente no ensino inte­gral pois aí, pas­sará a rece­ber, no exem­plo acima, R$ 12 mil por cada criança/​adolescente.

Além destes recur­sos, tem recurso para ali­men­tação esco­lar, trans­porte, mate­r­ial pedagógico, etc., etc.

Como nos ter­mos da Con­sti­tu­ição, setenta por cento dos recur­sos da edu­cação destina-​se a remu­ner­ação dos profis­sion­ais da edu­cação, esta­mos falando em din­heiro no bolso destes profis­sion­ais que irão com­prar no mer­cado local, refor­mar suas residên­cias, con­sumir mais e os municí­pios e esta­dos arrecadar mais.

Com mais inves­ti­mento em estru­tura física das esco­las, tec­nolo­gia, inter­net e uma ped­a­gogia que val­orize o apren­dizado do aluno e a sua inter­ação com famil­iares e a sociedade alcançare­mos a alme­jada mel­ho­ria nas condições de ensino e com ela mais recur­sos, ori­un­dos do VAAR — Valor Aluno Ano por Resul­ta­dos, con­forme esta­b­elece a Con­sti­tu­ição no artigo 212-​A.

Ao longo deste quarto de século que me debruço sobre os temas munic­i­pais como advo­gado de municí­pios, prin­ci­pal­mente, edu­cação, saúde, assistên­cia social, o meu sen­ti­mento é que, com plane­ja­mento e foco se atinge grandes obje­tivos.

Na primeira entre­vista dada pelo atual gov­er­nador do Maran­hão, Car­los Brandão, após sagra-​se vito­rioso ainda em primeiro turno, ele assumiu o com­pro­misso de con­tin­uar investindo (e cada vez mais) em edu­cação. Não existe outro caminho.

O Maran­hão – venho dizendo isso desde sem­pre –, é um estado “con­de­nado” ao desen­volvi­mento.

O tempo para que tal desen­volvi­mento acon­teça depen­derá da nossa capaci­dade de fazer a coisa certa no momento ideal.

O certo, entre­tanto, é que ele, nec­es­sari­a­mente, pas­sará pela edu­cação.

Além do atual gov­er­nador, ainda durante a cam­panha, o “novo” pres­i­dente eleito, tam­bém, assumiu com­pro­mis­sos públi­cos com mais inves­ti­men­tos em edu­cação. Por mais de uma vez, disse ser a edu­cação uma pri­or­i­dade do seu futuro gov­erno.

Diante disso, acred­ito ser este o momento ideal para os gestores munic­i­pais – respon­sáveis pri­mor­dial­mente pelo ensino fun­da­men­tal –, se plane­jarem e orga­ni­zarem seus pro­je­tos pedagógi­cos com vis­tas ao grande esforço para recu­per­ar­mos o tempo per­dido.

Vamos à luta!

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.