AbdonMarinho - É maravilhoso ter amigos.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 09 de Maio de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

É mar­avil­hoso ter amigos.


É MAR­AVIL­HOSO TER AMIGOS.

Por Abdon Clementino de Marinho*.

PRIN­CIP­I­AVA a sem­ana mais curta, acho que na terça-​feira, quando recebi a visita do amigo Gutem­berg Braga, auto-​apelidado de a “nega do leite”, por cul­ti­var, como poucos, o hábito de falar “pelos cotove­los”, como se dizia antiga­mente.

Con­heço Gutem­berg há mais de trinta anos, desde os tem­pos que ini­cie meus estu­dos na Uni­ver­si­dade Fed­eral do Maran­hão – UFMA, no curso de Dire­ito. Ele, da Livraria Juridica, D. Fran­cisca, da Livraria El Sha­day, e o Louro, da Livraria do Advo­gado, eram nos­sos livreiros e primeiros cre­dores dos tem­pos de estu­dante. Man­tinham suas estantes de livros nas varan­das do CCSo.

Com o din­heiro escasso, não raro aproveitava algum livro já sem o plás­tico para con­sul­tar lá mesmo.

Depois de for­mado – e como sem­pre gostei muito de livros –, os vende­dores de livros jurídi­cos ou não pas­saram a “mar­car ponto” e levarem seus pro­du­tos no meu escritório, Osmar Neres, Ronaldo Salazar e tan­tos out­ros.

O tempo foi pas­sando e desde os tem­pos de UFMA a amizade com Gutem­berg foi aumen­tando e se con­sol­i­dando – ele que começou por me vender livros, migrou para as assi­nat­uras de dig­i­tais dos vários vários pro­du­tos jurídi­cos, que con­hece como poucos e uti­liza de tais con­hec­i­men­tos para ala­van­car suas ven­das. Há quem diga que ele fala muito para os clientes com­prarem logo. Hahaha.

Esban­jando jovi­al­i­dade, ape­sar dos setenta e qua­tro anos bem vivi­dos, esse coroataense, con­hece quase todos do mundo jurídico do Maran­hão e esta­dos viz­in­hos, juízes, desem­bar­gadores, advo­ga­dos, pro­mo­tores, procu­radores, etcetera, de muitos con­hece ou con­heceu dos avós aos netos, a muitos aju­dou vendendo fiado, ou no “apuro”, quando um ou outro se for­mava e começava a tra­bal­har ou pas­sava em um alme­jado con­curso.

Pelo que já fez, há muito a sociedade lhe dev­e­ria um recon­hec­i­mento maior.

Mas, voltando a “vaca fria”, Gutem­berg entra nesse texto por conta de uma lem­brança de sua saudosa mãe que com­par­til­hou na sua última visita – fal­tando dois meses para o venci­mento das assi­nat­uras que temos com ele, foi ao escritório para renová-​las –, disse-​me que ainda cri­ança fora admoes­tado pela gen­i­tora, que lhe disse olhando nos olhos: —queres ser feliz? Faz a feli­ci­dade do teu próx­imo.

Segundo ele, essa lição for­ma­tou toda sua con­duta, tornando-​o feliz quando sabe ou tem o teste­munho que fez a feli­ci­dade de alguém ou aju­dou out­rem a pros­perar e a realizar seus son­hos.

Tal depoi­mento veio ao encon­tro da ideia já tinha para o nosso

‘encon­tro sem­anal’ através de tex­tos, já pen­sado como forma de agradec­i­men­tos a Deus por ter me dado a honra de pos­suir ainda que poucos, extra­ordinárias amizades.

No dizer do inglês Fran­cis Bacon (15611626): “Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades”.

Como dizia, pela graça div­ina tenho bons e leais ami­gos e isso ficou – e está –, sendo patente na dis­puta que travo com diver­sos cole­gas advo­ga­dos pela vaga de desem­bar­gador pelo critério do quinto con­sti­tu­cional.

Muito emb­ora sem recur­sos para despren­der numa cam­panha “eleitoral”; sem a saúde exigida para per­cor­rer o estado ou mesmo para vis­i­tar os cole­gas em seus escritórios; sem pro­mover almoços, jantares, happy hour, etcetera; sem “padrin­hos” impor­tantes e/​ou “máquinas” públi­cas ou pri­vadas tra­bal­hando a nosso favor; sem par­tic­i­par do chamam de “clube do token” e sem me afas­tar das regras do edi­tal ou dos nos­sos princí­pios de vida, con­seguimos, naquela opor­tu­nidade – a eleição foi anu­lada para que nova con­sulta seja real­izada no dia 16 de maio –, quase qua­tro­cen­tos votos.

A todos estes “senões” acima, acres­cen­tem o fato que sou uma pes­soa “difí­cil”. Desde sem­pre me recuso a curvar-​me aos ideários ou à mídia ven­dida pelos poderosos, preferindo um olhar crítico sobre a real­i­dade e apon­tando os erros de autori­dades, órgãos públi­cos, pri­va­dos e gov­er­nos de quais­quer espec­tros políti­cos.

Foi assim, dev­ido essa irres­ig­nação e, tam­bém, por não encon­trar na imprensa profis­sional, visões dos fatos que fos­sem além dos “reale­ses” ofi­ci­ais – com as hon­radas exceções –, que resolvi, de próprio punho, prin­ci­pal­mente após a morte do amigo e jor­nal­ista Wal­ter Rodrigues, escr­ever e tornar públi­cos as min­has visões de mundo, que, longe de mim, as pre­tendo que este­jam cor­re­tas e inque­bran­táveis, mas, sim, uma visão dis­tinta ou um olhar dos fatos sobre uma nova perspectiva.

Nos últi­mos doze ou treze anos já cole­cionei cerca de mil e quin­hen­tos “tex­tões” que podem ser con­sul­ta­dos no nosso sitio www​.abdon​mar​inho​.com e, em out­ros veícu­los e redes soci­ais. E, ape­sar de jamais expres­sar críti­cas de cunho pes­soal, cole­cionei algu­mas ini­mizades, que afirmo, cat­e­gori­ca­mente, serem uni­lat­erais e decor­rentes de intol­erân­cias às divergên­cias de opinião.

No Brasil e, prin­ci­pal­mente, no Maran­hão, os poderosos e “donos do poder” se acham insuscetíveis de críti­cas e cul­ti­vam pés­simo hábito de gostarem de adu­lação.

Como nunca aprendi a ficar cal­ado diante do que con­sidero errado – meu pai dizia que o “malfeito” é da conta de todos –, e nunca soube como adu­lar ninguém (e faço questão de não saber), por essas ter­ras de “vice-​reis”, trago tais “desvan­ta­gens”.

Outro dia, acho que foi o próprio Gutem­berg, ou outro amigo, que ligou com tal con­statação: — doutor, tu és difí­cil. Disse do outro lado da linha.

Ape­sar de tal “histórico” con­segui a quan­ti­dade de votos que tive, numa cam­panha de menos de 20 dias, enquanto muitos cole­gas estão em “cam­panha” de ver­dade, há de um ano (desde que a vaga foi cri­ada), e out­ros estão na cor­rida pelo cargo, desde sem­pre.

Mais que isso, não só con­segui os votos referi­dos, como já con­segui – e estou con­seguindo cada vez mais –, inúmeras declar­ações de apoio para a con­sulta do dia 16 de maio.

São declar­ações de apoios de advo­ga­dos e advo­gadas de todas as idades e gêneros, dizendo votaram e/​ou que votarão na próx­ima con­sulta e tan­tos out­ros dizendo que não sabiam que era can­didato, mas que a par­tir de agora estarão em “cam­panha” pedindo votos para mim e em meu nome.

São man­i­fes­tações que até nos emo­cionam, pois sen­ti­mos que são man­i­fes­tações de respeito, de car­inho, de fé – por acred­itarem que esta­mos fazendo o certo na nossa vida até aqui –, e desprovi­das de quais­quer inter­esses de cunho pessoal.

Outro dia um colega muito querido ligou para dizer que faria a minha “cam­panha” con­forme eu deter­mi­nasse, iria aos escritórios dos cole­gas advo­ga­dos e advo­gadas, lig­aria, pediria votos de todos que con­hecesse.

O mesmo inter­esse sinto da parte de diver­sos out­ros ami­gos que mesmo de fora do mundo jurídico estão local­izando par­entes e ami­gos advo­ga­dos e advo­gadas para pedi­rem votos em meu nome.

E são tan­tas as declar­ações de car­inho e apreço que fico encab­u­lado e sem saber o que dizer ou fazer em agradec­i­mento.

Sei ape­nas o quanto é imensa a respon­s­abil­i­dade que temos ao atin­gir­mos nosso intento: jamais decep­cionar, man­ter a retidão de caráter que nos trouxe até aqui e que fez – e faz –, com que tan­tas pes­soas, mesmo aque­las que não nos con­hece pes­soal­mente, con­fiem na gente.

É com esse com­pro­misso de cidada­nia com essas pes­soas comuns, homens e mul­heres sim­ples da nossa sociedade que esper­amos alcançar o obje­tivo pre­tendido.

Pois uma coisa é certa: é mar­avil­hoso ter ami­gos.

Muitís­simo obri­gado a todos vocês.

Abdon Clementino de Mar­inho é advo­gado.