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A HORA DE ESCOL­HER ENTRE DILMA E O BRASIL.

Escrito por Abdon Mar­inho

A HORA DE ESCOL­HER ENTRE DILMA E O BRASIL.

A INCURÁVEL inabil­i­dade da sen­hora Dilma Rouss­eff, dos seus ali­a­dos e adu­ladores, talvez seja a maior cau­sadora do desas­tre que é o seu gov­erno e que faz san­grar a nação brasileira. Ficamos com a impressão que querem apa­gar incên­dio com gasolina.

Vejamos só o ocor­rido no espaço de uma sem­ana. Numa entre­vista a pres­i­dente disse que, caso superasse o pedido de impeach­ment, iria bus­car todas as forças políti­cas para um “pacto nacional”, caso isso não ocor­resse, segundo suas próprias palavras, seria “carta fora do baralho”.

A ideia do pacto nacional é uma tese que sem­pre advoguei. Acho-​o necessário para que o país comece a encon­trar seu rumo.

Pois bem, acho que não se pas­saram dois dias até a pres­i­dente, que acabara de se declarar dis­posta ao dial­ogo, gravasse um pro­grama – que sairia em rede nacional de rádio e tele­visão, mas que acabou sendo divul­gado ape­nas na inter­net –, partindo com tudo e «soltando os cachor­ros” para cima daque­les nos quais enx­erga seus inimi­gos. Mais. Tal qual fiz­eram na eleição, usou de infor­mações sabida­mente inverídi­cas con­tra todos eles. Disse que são “golpis­tas”, que querem acabar com os pro­gra­mas soci­ais e tan­tas out­ras que só ape­nas não tolas, pela gravi­dade que se reveste.

São palavras da pres­i­dente: “Peço a todos os brasileiros que não se deixem enga­nar. Vejam quem está lid­erando esse processo e o que propõem para o futuro do Brasil. Os golpis­tas ja dis­seram que, se con­seguirem usurpar o poder, será necessário impor sac­ri­fí­cios à pop­u­lação brasileira. Com que legit­im­i­dade? Querem revogar dire­itos e cor­tar pro­gra­mas soci­ais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Ameaçam até a edu­cação pública. Querem abrir mão da sobera­nia nacional, mudar o régime de par­tilha e entre­gar os recur­sos do pré-​sal às multi­na­cionais estrangeiras. Antes de tudo, o que move os golpis­tas são os nos­sos acertos.”

E foi em frente: “Para alcançar seus obje­tivos, estão dis­pos­tos a vio­len­tar a democ­ra­cia e a ras­gar a Con­sti­tu­ições, espal­hando a intol­erân­cia, o ódio e a vio­lên­cia entre nós”.

Num momento de sin­gu­lar gravi­dade como este, não dev­e­ria a pres­i­dente da República, invés de bus­car a paz, lançar mais lenha à fogueira.

Enten­dem por que não acred­ito que haja uma solução para o país com a sen­hora Dilma Rouss­eff a frente do gov­erno? Ela não sabe o que fala. Como é pos­sível, num dia, dizer que bus­cará um pacto nacional e no outro sair-​se com este tipo de palavrório?

Afi­nal, ela quer dial­ogo com quem? Com estes a quem acusa de golpis­tas? Com usurpadores do poder? Os que querem revogar os dire­itos da pop­u­lação e cor­tar os pro­gra­mas soci­ais? Com os inve­josos que não supor­tam o “sucesso” do seu governo?

A coleção de sandice chega ao ponto de chamar os defen­sores do processo con­sti­tu­cional, de sedi­ciosos, “entreguis­tas” do patrimônio nacional; inimi­gos da pátria. São acusações gravís­si­mas con­tra pes­soas tão eleitas quanto ela, tão rep­re­sen­tantes do povo quanto ela.

A própria pres­i­dente da República e seus mais próx­i­mos ali­a­dos, dizem que os defen­sores do impeach­ment espal­ham o ódio, a vio­lên­cia, a intol­erân­cia – como visto acima em seu pro­nun­ci­a­mento –, entre­tanto, o que temos visto, são eles fazendo isso.

Em pleno Palá­cio do Planalto, na pre­sença da pres­i­dente, um líder da Con­tag fez a con­vo­cação para invasão de ter­ras e pro­priedades pri­vadas. Na sexta-​feira, dia do ini­cio da dis­cussão do processo, os «braços» do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, par­tido da pres­i­dente, inf­er­nizaram a vida dos cidadãos de bem fechando ruas, estradas e ameaçando que dias piores virão caso o resul­tado do jul­ga­mento não seja o que desejam.

Noutra frente, temos o ex-​presidente Lula – segundo dizem – nego­ciando, no sen­tido amplo da palavra, com todo e qual­quer par­la­men­tar que aceite tro­car sua con­sciên­cia por “mimos” e por out­ros argu­men­tos mais reais.

Assim como fiz­eram na cam­panha, a pres­i­dente e os seus, não querem dialogar com ninguém. O que querem é que a pop­u­lação brasileira, majori­tari­a­mente con­trária à con­tinuidade do seu gov­erno, capit­ule, aceite pas­si­va­mente os des­man­dos que vêm praticando.

Digo isso baseado nas palavras da pres­i­dente e ex-​presidente.

O sen­hor Lula disse – está pub­li­cado – em todos os meios de comu­ni­cação – que não sairá das ruas caso a pres­i­dente seja des­ti­tuída do cargo; que fará oposição do primeiro ao último dia.

Como vemos, os inter­esses pes­soais dos que estão no poder, vêm antes que os inter­esses do próprio país. Deixam isso claro quando dizem que irão para oposição raivosa – como, aliás sem­pre fizeram.

Outro dia, um gov­er­nador ali­ado da pres­i­dente, chamou os defen­sores do impeach­ment de golpis­tas e irre­spon­sáveis, e que o país não aguen­taria mais 180 dias de protestos, caos, ações judi­ci­ais, etc.

Mais uma vez a ideia de que só há solução com o atual grupo no poder. Que só se dis­põem a dialogar pelo bem do país se for em torno deles.

Entendo no sen­tido oposto. Já disse isso diver­sas out­ras vezes. A rejeição do impeach­ment só trará mais insta­bil­i­dade ao país. A pres­i­dente não reúné quais­quer das condições necessárias ao exer­cí­cio da gov­er­nança e o Brasil não aguen­tará por mais dois anos e meio um gov­erno que só aponte para o caos, sobre­tudo depois dos acor­dos que dizem estarem fazendo para se man­terem no poder.

As con­tas são fáceis de serem feitas.

O gov­erno hoje não reúné apoio de nem um terço do con­gresso nacional – tanto que nem lutam para con­seguirem 170 par­la­mentares para votar com o gov­erno, mas sim tra­bal­ham para con­seguirem que fal­tem a sessão, adoeçam, mor­ram no dia da votação –, todo o setor pro­du­tivo do país, indus­tria, comér­cio, agri­cul­tura e serviços e mais de setenta por cento da pop­u­lação con­tra o governo.

Será que imag­i­nam que uma even­tual reprovação do impeach­ment, ainda mais con­seguida nestes moldes, dará ao gov­erno a capaci­dade – que nunca pos­suíram – de gov­ernar o país? Que os mil­hões de desem­pre­ga­dos, num passé de mág­ica, voltarão a ter emprego?

Outro dia fiquei abal­ado com o depoi­mento de um empresário que reflete bem – e tris­te­mente – o momento atual. Ele dizia que teve que demi­tir inúmeros servi­dores da sua empresa por conta crise. E, indo ao super­me­r­cado, encon­trou um dos ex-​empregados pedindo esmo­las na porta.

Esta é a situ­ação do Brasil real. Não faz muito, um amigo me infor­mou que teria que demi­tir mais de vinte empre­ga­dos de sua pequena empresa e que só não fiz­era isso ainda por não ter condições de pagar as indenizações.

Como disse, a pres­i­dente e os seus, são pes­soas que não sabem o que dizem. Não se dão conta do caos que ger­aram e con­tin­uam querendo o poder pelo poder, ainda que seja sac­ri­f­i­cando ainda mais o país. Com má-​fé con­tin­uam ten­tando desin­for­mar e a enga­nar a pop­u­lação, prin­ci­pal­mente, as pes­soas menos esclarecidas.

O Brasil, repito, não tem como aguen­tar mais dois anos e meio deste gov­erno. Podemos aguen­tar até seis meses de processo de impeach­ment com a per­spec­ti­vas que saiam.

O Câmara dos Dep­uta­dos e depois o Senado da República têm a respon­s­abil­i­dade de escol­herem entre a pres­i­dente que aí está e o Brasil.

Abdon Mar­inho é advogado.

A HORA É DE PEN­SAR NO BRASIL.

Escrito por Abdon Mar­inho

A HORA É DE PEN­SAR NO BRASIL.

ALGUÉM con­segue pen­sar no que aguarda o Brasil e os brasileiros no seguinte ao impeach­ment da pres­i­dente Dilma Rousseff?

Vamos supor que o con­sór­cio Lula/​Dilma nego­ciando o país com o que há de pior na política brasileira, nas palavras deles mes­mos: fazer o «diabo» para se man­terem no poder, con­sigam impedir que 342 dep­uta­dos votem pelo impeach­ment da presidente.

Beleza após uma noite de rojões e festa no palá­cio da Alvo­rada, o dia seguinte se impõe e com ele a respon­s­abil­i­dade de gov­ernar. É aí que reside o prob­lema: o gov­erno já perdeu – ou nunca teve, neste mandato –, tal capacidade.

A vitória do con­sór­cio gov­ernista vai pio­rar – e muito – a já com­bal­ida econo­mia do país, que hoje rep­re­senta muito pouco no cenário mundial.

A crise que enfrenta­mos é, sobre­tudo, de cred­i­bil­i­dade. Basta dizer que quanto pior a situ­ação do gov­erno mel­hor a econo­mia reage. Há duas sem­anas, em oito pági­nas de uma das mais con­ceitu­adas revis­tas do Brasil, mil­hares de empre­sas assi­naram um man­i­festo pelo impeach­ment da pres­i­dente, por último a Con­fed­er­ação Nacional do Trans­porte (CNT) que reúné cerca de 200 mil empre­sas fez o mesmo.

Antes dela foi a Con­fed­er­ação Nacional da Agri­cul­tura (CNA) que reúné um dos poucos setores que ainda não sen­tiu, na sua total­i­dade, os efeitos da crise a recomen­dar aos rep­re­sen­tantes que votassem con­tra a pres­i­dente. Fez isso depois de mais uma manobra desastrada do gov­erno em per­mi­tir que um rep­re­sen­tante da Con­fed­er­ação Nacional do Tra­bal­hadores da Agri­cul­tura (CONTAG0, ameaçasse o país com invasões das pro­priedades pro­du­ti­vas na even­tu­al­i­dade dos par­la­mentares aprovassem o imped­i­mento. O tal rep­re­sen­tante fez a ameaça den­tro do Palá­cio do Planalto na pre­sença da pres­i­dente, que longe de repreendê-​lo fez foi assen­tir com a bra­vata. Quase todos os dias fazem comí­cios no palá­cio onde a tônica é a agressão e destem­pero ver­bal con­tra todos os cidadãos, que den­tro do seu dire­ito de man­i­fes­tação, pedem o imped­i­mento da pres­i­dente. Cada um usando lin­guagem mais beli­cosa que o outro. E todos con­tando com aplau­sos da presidente.

Ora, só o fato de usar o palá­cio para esse tipo de coisa e assen­tir com todo tipo de lou­cura que dizem em sua frente, como man­datária da nação, já seria motivo para impedir o exer­cí­cio do cargo.

Con­fesso que em toda minha minha vida nunca teste­munhei um gov­erno tão mal asses­so­rado politi­ca­mente. Até quando ten­tam acer­tar fazem errado. Lem­bro que ainda era agosto do ano pas­sado quando sug­eri que nome­assem o ex-​presidente Lula para o Min­istério da Casa Civil para fazer a coor­de­nação do gov­erno e acabar com aquela história de que man­dava (e manda) sem ter cargo. Naquela opor­tu­nidade já se sabia que dias piores estavam por vir. Fiz­eram ouvi­dos moucos. Só agora, estando o ex-​presidente acos­sado pela Justiça, resolveram nomea-​lo, mas para fugir do alcance da lei do que para con­tribuir com o governo.

Tudo que fazem é para insu­flar os brasileiros uns con­tra os out­ros, quando pre­cisamos jus­ta­mente de paz.

Será que pen­sam que bra­vatas e ameaças mel­ho­rarão sua performance?

Não é seg­redo: defendo o impeach­ment. Fomos colo­ca­dos na con­tingên­cia de escol­her entre este gov­erno e o país. Escolho o Brasil.

O processo de impeach­ment nos regimes pres­i­den­cial­ista é sem­pre traumático, basta ver o tempo que temos per­dido nes­tas dis­cussões. O mel­hor seria que a pres­i­dente, recon­hecendo sua inca­paci­dade de reunir os apoios necessários para con­tin­uar à frente dos des­ti­nos do Brasil, já tivesse renun­ci­ado ao invés de pro­lon­gar uma ago­nia que só prej­u­dica a todos.

Soube que outro dia o ex-​presidente Lula teria declar­ado que este gov­erno só cairia «de podre». Pois bem, este gov­erno já apo­dreceu antes mesmo de ser eleito. Gan­hou com através da men­tira deslavada, dizendo jus­ta­mente o oposto do que teria que fazer. Mais: colo­cando na conta dos adver­sários as medi­das que teriam que adotar.

As palavras do ex-​presidente, o com­por­ta­mento da atual man­datária, rev­e­lam uma falta de pos­tura com­patível com cargo de quem esper­amos que apon­tem um rumo para a nação. Tudo que fazem, ainda que seja a venda da nação, tem o claro propósito de man­ter o poder, que tornou-​se, como já disse noutra opor­tu­nidade, um fim em si, não há uma pre­ocu­pação com os maiores sofre­dores com a crise que ger­aram: o povo.

O povo brasileiro é o patrão do gov­erno – e de todos os servi­dores públi­cos –, ape­sar disso não tem o respeito que se deve dis­pen­sar a qual­quer um, ainda mais mere­cida àquele que paga a conta.

O mais grave de tudo é que temos um gov­erno inca­paz de fazer uma autocrítica. Agem como se estivessem certo. Como fiz­eram certo se o país teve decréscimo de quase 10% do PIB? Se mil­hões de brasileiros estão no desem­pre­ga­dos? Se mais de trezen­tas mil empre­sas foram fechadas?

Todos os demais indi­cadores são neg­a­tivos. Ficamos só nestes.

Ora, se são inca­pazes de recon­hecer que erraram – e erram – na con­dução do país, como irão resolver os prob­le­mas do país diante de dados tão desfavoráveis?

Vamos adi­ante. Quan­tas não foram às vezes que o gov­erno teve a chance e opor­tu­nidade de recon­hecer seus erros e ten­tar um pacto nacional para solu­cionar os prob­le­mas do país? Inúmeras. Nunca quis­eram resolver os prob­le­mas da nação, sem­pre preferi­ram o cam­inho do engodo, da enganação. Preferi­ram fazer as piores escol­has. Preferi­ram espo­liar a nação. Preferi­ram negar a esper­ança ao povo.

A solução con­sti­tu­cional que sobrou ao país é o imped­i­mento do gov­erno. O atual não tem condições para per­manecer. Esta é a real­i­dade. A hora é de pen­sar no Brasil.

Abdon Mar­inho é advogado.

NA BUSCA DA COMPREENSÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

NA BUSCA DA COMPREENSÃO.

NESTES meus anos de existên­cia tenho cul­ti­vado mais dúvi­das que certezas. Não é que não saiba ou não com­preenda tais situ­ações. Até sei é com­preendo. Min­has dúvi­das, são basi­ca­mente, cul­ti­vavas pela neces­si­dade de com­preen­der os pon­tos de vis­tas opos­tos aos meus, mesmo, os mais incompreensíveis.

Um amigo cos­tuma dizer que gostaria de assi­s­tir meu velório – não é, ao menos segundo ele, que deseje minha morte, longe disso –, para poder ver o com­por­ta­mento da infinidade de pes­soas com as quais tenho con­vivido e que pen­sam de forma tão dis­tinta entre si. São pes­soas de idade bem avançada, out­ros mal saí­dos da ado­lescên­cia; cap­i­tal­is­tas fer­ren­hos, mas tam­bém social­is­tas, comu­nistas; tra­bal­hadores do campo e da cidade, operários, mas tam­bém empresários, pro­pri­etários de ter­ras, indús­trias e comér­cios; monar­quis­tas e repub­li­canos; pres­i­den­cial­is­tas e par­la­men­taris­tas; toda uma miríade de tipos sex­u­ais que vai de Arnold Schwarzeneg­ger – ape­nas para citar o exem­plo do filme “Será Que Ele É?” – à “Priscila, a Rainha do Deserto” – tam­bém pelo mesmo motivo; católi­cos, protes­tantes, umban­dis­tas, ateus e out­ras denom­i­nações reli­giosas ou não; até mesmo tucanos e petis­tas ou cox­in­has e mor­tadela, fazem parte do cír­culo de amigos.

Cul­ti­var a tol­erân­cia passa por não acred­i­tar que somos os sen­hores da ver­dade, os donos da razão e tam­bém por procu­rar enten­der as razões daque­les que pen­sam ou pro­fessa crenças difer­entes das nossas.

Nos últi­mos dias tenho me ocu­pado em procu­rar enten­der as razões que moti­vam pes­soas, que até onde sei são sérias, a defend­erem o gov­erno da Sra. Dilma Rousseff.

Não falo aqui de uma massa de pes­soas sim­ples que são influ­en­ci­adas por boatos – efi­cien­te­mente dis­sem­i­na­dos –, de que a queda de Dilma, Lula e do PT, será fim dos pro­gra­mas soci­ais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, ProUNI e tan­tos outros.

Não falo, tam­bém, daquela massa de par­a­sitas lig­adas a diver­sos movi­men­tos soci­ais ou sindi­cais vis­ceral­mente lig­a­dos à gêne­sis do PT e que, emb­ora não façam parte ofi­cial­mente do par­tido, comunga de suas ideias e servem de inocentes úteis.

Tam­pouco falo daque­las pes­soas com sín­drome de Poliana que a despeito de todas as provas de que fomos víti­mas de um este­lion­ato eleitoral, não acred­i­tam que colo­caram uma quadrilha no poder que tem o único propósito de ficarem no poder e se locupletar.

Tam­pouco falo daque­les que, opor­tunistas, estão tirando suas van­ta­gens pes­soais: um roubo aqui, uma nomeação ali, uma indi­cação acolá, etc.

Além das moti­vações em maior ou menor grau dis­crim­i­nadas acima há ainda um grupo de pes­soas que não se enquadram em nen­hum deles e que defen­dem o atual gov­erno. Pes­soas esclare­ci­das, inteligentes, impor­tantes, que vão inclu­sive à tele­visão dizer que um processo de impeach­ment pre­visto na Carta Con­sti­tu­cional é um golpe con­tra a democ­ra­cia. Mais, que defen­dem o lotea­mento dos espaços públi­cos entre o que há de pior da política brasileira, sob o argu­mento que «pre­cisam recom­por a base de sus­ten­tação da presidente”.

Estas pes­soas, repito, rep­utadas como sérias, defen­dem práti­cas que até então, pelo sei, foi a razão de entrarem na política ou para movi­men­tos ou a levarem uma vida escor­re­ita. Quan­tos não foram aque­les que nos pedi­ram votos dizendo que tin­ham como propósito mudar as práti­cas da política nacional?

Outro dia, em rede nacional, vi um senador, que fora líder estu­dan­til dos mais atu­antes con­tra as práti­cas do ex-​presidente Col­lor, defender, sem qual­quer con­strang­i­mento, o lotea­mento dos car­gos públi­cos com a escória da política nacional.

Este senador mere­ceu, com pro­priedade, o título que lhe foi posto por um oposi­cionista e com­pan­heiro de par­la­mento: de que ele deixara de ser um “cara-​pintada» – refer­ên­cia ao movi­mento pró-​impeachment de 1992, onde os man­i­fes­tantes, sobre­tudo da juven­tude, pin­tavam a cara –, para se tornar um “cara-​lavada”. Perfeito.

Nos últi­mos dias o gov­erno e os seus têm feito tan­tas «estrip­u­lias» com os recur­sos públi­cos para se man­terem no poder que con­seguiram con­stranger o notório dep­utado Paulo Maluf. O mesmo dep­utado Maluf que se jun­tou a com­pan­heirada em 2012 para gan­harem as eleições de São Paulo. Naquela opor­tu­nidade o ex-​presidente Lula e o Sr. Had­dad foram ren­der hom­e­nagem a Maluf em sua casa, capit­u­lar diante daquele que, já no longín­quo ano de 1984, virara sinôn­imo de cor­rupção. Lem­bram do verbo mal­u­far? Fez muito sucesso entre 1984/​85, no período que ante­cedeu a última eleição no Colé­gio Eleitoral que elegeu Tan­credo Neves.

Pois é, Maluf se con­strange com o jogo que o gov­erno do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, tem feito, a ponto de dizer que estão entre­gando o Brasil a pes­soas sabida­mente cor­rup­tas e/​ou sem preparo.

No leilão de car­gos em troca de votos con­tra o imped­i­mento “deram» o Depar­ta­mento Nacional de Obras Con­tra a Seca — DNOCS ao deputado/​empresário fornece­dor mate­r­ial para este tipo de obra.

Não tar­dam e entregam a admin­is­tração dos ban­cos de sangue para os vam­piros; os gal­in­heiros para serem admin­istra­dos por raposas.

Cheg­amos a tamanha degen­er­ação que – emb­ora a pop­u­lação esteja sofrendo com epi­demias de Dengue, Zica, Chikun­gunya, gripe H1N1; com hos­pi­tais sucatea­dos e sem darem conta da demanda; com pes­soas mor­rendo na porta dos hos­pi­tais por falta de atendi­mento –, se coloca no “bal­cão de negó­cios”, o Min­istério de Saúde e todos os car­gos lig­a­dos ao setor. Chegaram ao lim­ite da irresponsabilidade.

Estes fatos são públi­cos, não há quem ignore isso.

Ape­sar do gov­erno está fazendo jus­ta­mente o que jurou desde sem­pre com­bater, muitos daque­les que o defende, acham tais práti­cas normais.

São estas moti­vações que procuro entender.

Vejamos algu­mas situações:

Os defen­sores do gov­erno dizem defender o serviço público de qual­i­dade e efi­ciente. No gov­erno incharam a máquina pública com apanigua­dos ao invés de aproveitar os quadros téc­ni­cos. Foram além, entre­garam os fun­dos de pen­são dos servi­dores para incom­pe­tentes e/​ou cor­rup­tos que, munidos de propósi­tos incon­fessáveis, causaram prejuízos/​desvios de mais de R$ 50 bil­hões de reais. Resul­tado: os tra­bal­hadores a quem prom­e­teram defender vão ter que con­tribuir mais e alon­gar o tempo de con­tribuição para terem dire­ito a uma aposen­ta­do­ria menos humilhante.

No caso dos fun­dos de pen­são das estatais não avançaram ape­nas sobre o din­heiro público, foram bus­car o din­heiro dos trabalhadores.

Adi­ante. Uma das ban­deiras do gov­erno e seus defen­sores sem­pre foi a Reforma Agraria. Encar­rega­dos de admin­is­trar o pro­grama, desviaram – segundo con­tas do Tri­bunal de Con­tas da União –, mais de R$ 2,5 bil­hões de reais, sem con­tar a dis­tribuição de ter­ras para pes­soas que não tin­ham ou têm dire­ito a rece­berem ter­ras, como servi­dores, públi­cos, empresários e políticos.

Defen­sores das riquezas nacionais, tiraram o que pud­eram da nossa maior empresa, a Petro­bras, nos últi­mos anos, só os pre­juí­zos com a cor­rupção e má gestão, foram esti­ma­dos, ape­nas para 2014, em mais de R$ 40 bilhões.

A falta de rodovias ou a defi­ciên­cia na con­ser­vação das mes­mas, oca­siona, todos os anos, mil­hares de mor­tos em todo Brasil. Desde que Lula/​Dilma man­dam no país este setor foi entregue aos políti­cos que têm mostrado pouca ou nen­huma capaci­dade de resolver estes gar­ga­los. Já vão 13 anos de puro descaso, e segundo ameaçam, vai piorar.

Ainda no campo das esti­ma­ti­vas, alguns cál­cu­los indicam um «rombo» de cerca de 3 tril­hões de reais nos últi­mos anos. Mon­taram sofisti­ca­dos esque­mas de desvios de recur­sos públi­cos jus­ta­mente durante os gov­er­nos que prom­e­teram acabar com essa prática.

Como resul­tado disso tudo, o Brasil pas­sou a ser uma espé­cie de “pat­inho feio” no cenário inter­na­cional ou tratado como piada pelos humoris­tas ao redor do mundo. Na econo­mia, quase nen­hum país nos leva a sério ou nos respeita.

Emb­ora não ten­hamos o dire­ito de menosprezar o fato de ser­mos trata­dos como piadas ou de ser­mos um zero à esquerda no cenário econômico mundial, o mais grave deste legado desas­troso é o que vemos aqui den­tro: mil­hões de tra­bal­hadores amar­gando o desem­prego, famílias inteiras onde ape­nas um ou outro mem­bro tra­balha, as vezes nen­hum, jovens a quem se nega a opor­tu­nidade de tra­balho e a per­spec­tiva de futuro. Este é o ver­dadeiro desastre.

Diante disso é que fico espan­tado com o fato de exi­s­tirem pes­soas esclare­ci­das – e não são todas “picare­tas”, opor­tunistas ou cor­rup­tas – defend­endo um gov­erno que não pos­sui mais quais­quer condições de gov­ernar e que o único aceno que no faz é com mais caos, deses­pero e deses­per­ança para o nosso povo.

Será que igno­ram o que é sabido por todos? Será que acham nor­mal um pro­jeto político de poder que espo­liar a pop­u­lação, sobre­tudo, os mais frágeis? Será que acham nor­mal desviarem, para si e para os seus, o patrimônio que é de todos os brasileiros?

O dis­curso “bar­ro­sista» de que os suces­sores serão piores ou que a favor do impeach­ment tem o Cunha, Temer, o Jucá, não me con­vence. Pois seria como dizer: a com­pan­heirada rouba mais é nossa amiga.

Pre­cisamos de um gov­erno supe­rior a tudo isso, uma nação onde os recur­sos públi­cos sejam investi­dos em favor de todos e sem desvios. Isso é pos­sível. Emb­ora a cor­rupção exista em todos os lugares, ela pode ser ao menos mino­rada ao invés de insti­tu­cional­izada como con­tinua a ocor­rer por aqui.

Será que estas pes­soas acham que o temos de mel­hor é o que viven­ci­amos nos últi­mos treze anos?

Só que­ria compreender.

Abdon Mar­inho é advogado.