AbdonMarinho - RSS

4934 Irv­ing Place
Pond, MO 63040

+1 (555) 456 3890
info@​company.​com

A HORA É DE PAS­SAR O MARAN­HÃO A LIMPO.

A HORA É DE PAS­SAR O MARAN­HÃO A LIMPO.

É sem­pre impos­sível imag­i­nar como um gov­erno irá ter­mi­nar ou se con­duzir durante o seu período mandato. Uns acer­tam mais, out­ros menos, uns só erram, out­ros só se apro­priam dos recur­sos públi­cos ou os trans­fere para seus apanigua­dos. Tem sido assim no Maran­hão e no resto do Brasil, com as hon­radas exceções que exis­tem para jus­ti­ficar a regra.

Aos cidadãos comuns, resta-​nos ren­o­var as esper­anças em tem­pos mel­hores, é o que nos move.

Em 1º de janeiro assumiu um novo gov­erno no Maranhão.

O primeiro gov­erno, depois de quase meio século, capaz de fazer as mudanças que o estado tanto pre­cisa e a sociedade tanto clama. As condições, difer­ente dos gov­er­nos ante­ri­ores, são favoráveis estas mudanças, talvez por isso o gov­er­nador, seja, hoje, o depositário maior deste sentimento.

Em 2007 quando Jack­son Lago assumiu e pen­sá­va­mos, ainda que por um breve período, que seria aquele o gov­erno da trans­for­mação, as condições obje­ti­vas do Estado brasileiro o impediu de sê-​lo. O gov­er­nador tinha um gov­erno de tal forma siti­ado e sufo­cado pelas forças der­ro­tadas que cheg­amos ao cúmulo ter­mos um gov­erno que agia como sendo oposição. Tal era o pode­rio e as pressões inter­nas e exter­nas que sofria e que cul­mi­nou com sua cas­sação dois anos depois de empossado.

O atual momento é bem difer­ente daquele. O gov­erno será gov­erno e os que perderam, oposição. Dito isso, fica assen­tado que as mudanças que o Maran­hão tanto anseia que acon­teçam, poderão ser implan­tadas como prometi­das em cam­panha e imag­i­nadas pelo gov­er­nador e seus seguidores.

Assim, com­preen­dendo que as primeiras medi­das ado­tadas pelo gov­er­nador Flávio Dino, na sua essên­cia, cor­re­spon­dem aos anseios dos eleitores que o elegeu.

A começar pela reestru­tu­ração orgânica da Admin­is­tração Pública do Poder Exec­u­tivo, insti­tuída pelo MP 184 que servirá para garan­tir uma mel­hor uni­formi­dade a uma máquina admin­is­tra­tiva que foi se mod­i­f­i­cando con­forme as con­veniên­cias e os inter­esses políti­cos do grupo que teimava em se man­ter no poder através da com­pra de favores, do favorec­i­mento e da dis­tribuição de sinecuras a cen­te­nas, talvez de mil­hares de ali­a­dos, que tin­ham na máquina do estado uma fonte de renda sem a dev­ida con­traprestação laboral.

A maio­ria dos cidadão não se dão conta, mas tenho um dado curioso para o qual chamo a atenção. Desde out­ubro pas­sado, após a der­rota nas urnas do can­didato do grupo que estava no poder, a gov­er­nadora Roseana Sar­ney demi­tiu cen­te­nas de ocu­pantes de car­gos em comis­são, sem que máquina pública sen­tis­sem falta dos mesmos.

O que isso sig­nifica? Que a máquina pública pode­ria fun­cionar mais enx­uta, sem infind­áveis servi­dores que sequer tin­ham onde sen­tar ou que sabiam onde era sua lotação. O mesmo se dará agora com a exon­er­ação cole­tiva pro­movida pelo novo gov­erno, com as exceções que sabe­mos exi­s­tirem – pois há os que tra­bal­ham –, dos demais, o poder público não sen­tirá falta.

A exon­er­ação cole­tiva é uma medida saneadora necessária para a con­fig­u­ração de um novo gov­erno, com pes­soas de con­fi­ança ocu­pando os car­gos ou sim­ples­mente os extin­guindo, posto que desnecessários, na sua maioria.

Outra medida que entendo inter­es­sante é a que autor­iza a rep­re­sen­tação judi­cial de mem­bros das Polí­cias Civil, Mil­i­tar e Corpo de Bombeiros Mil­i­tar pela Procu­radora Geral do Estado, quando em decor­rên­cia do cumpri­mento do dever con­sti­tu­cional, legal ou reg­u­la­men­tar. Tal medida, junto com a que muda o critério pro­mo­cional, regras de ingresso, lotação e trans­fer­en­cia, colo­cando mérito e avali­ação obje­tiva no lugar das regras que sem­pre exi­s­ti­ram, con­stante no Decreto 30.617, reafirma a autoes­tima da tropa e a motiva a desem­pen­har com mais moti­vação suas atribuições.

A isso, some-​se a con­vo­cação de mais mil aprova­dos no con­curso público para que façam o teste de aptidão física, irá diminuir desafamem per capita de poli­ci­ais em relação a pop­u­lação que coloca o Maran­hão entre os últi­mos neste que­sito. Mel­hor que isso, seria a con­vo­cação de tan­tos quan­tos fos­sem sufi­cientes para garan­tir o ingresso nos quadros da PMMA de pelo menos mil poli­ci­ais neste momento e tan­tos out­ros ao longo do mandato. Mas já é um bom começo.

Tam­bém merece destaque a cri­ação da Sec­re­taria de Estado de Agri­cul­tura Famil­iar. Quem tem acom­pan­hado meus tex­tos sabe a quan­ti­dade de vezes que falei no aban­dono do campo maranhense.

Hoje, quase tudo que con­sum­ido, tanto na cap­i­tal, quanto no inte­rior, vem de out­ros esta­dos, a pro­dução, em que pese a pro­pa­ganda que se fez nos últi­mos anos, é ínfima, não chegando a 2% (dois por cento) da pro­dução nacional e assim mesmo, com­posta basi­ca­mente pela mono­cul­tura de expor­tação, que pouco ou quase nada, serve para ali­men­tar o cidadão local. Esta sec­re­taria terá o enorme desafio de assen­tar o homem no campo e devolver-​lhe o gosto pelo tra­balho, depois de anos de aban­dono e de ter se habit­u­ado as esmo­las governamentais.

A insti­tu­ição via decreto do Plano de Ações “Mais IDH”, é outro ponto pos­i­tivo. Como já disse reit­er­adas vezes, os municí­pios mais pobres do Maran­hão não têm como saírem, soz­in­hos da condição de mis­éria em que se encon­tram. Desde que foram cri­a­dos – a maio­ria na farra de 1996 – que se sabe que muitos não tin­ham condições de avançar muito soz­in­hos. E isso não tem nada a ver só com a gestão que tiveram, muitas delas desas­trosas. É que muitos destes municí­pios não pos­suem qual­quer renda que não seja a ori­unda do FPM, das aposen­ta­do­rias, dos pro­gra­mas assis­ten­ci­ais. Não pos­suem comér­cio, não pos­suem indús­tria, a agri­cul­tura, ainda a famil­iar ficou rel­e­gada ao esquec­i­mento. O apoio do gov­erno estad­ual não só é necessário como urgente, inclu­sive para reti­rar o Maran­hão da posição vex­atória em que se encontra.

Outra medida que acho inter­es­sante é a reg­u­la­men­tação do Con­selho Empre­sar­ial do Maran­hão – CEMA , como órgão de asses­so­ra­mento direto do gov­er­nador. Acred­ito que é necessário e urgente se bus­car alter­na­ti­vas de desen­volvi­mento para o Maran­hão. Não faz sen­tido que só agora, em pleno século vinte, o estado esteja diver­si­f­i­cando sua economia.

Sobre o Pro­grama \«Escola Digna” e eleição direta para dire­tor já tratei no texto “Uma pri­or­i­dade nacional”, reafirmo o que disse: acho que para mel­ho­rar as condições de ensino temos que mod­i­ficar a forma como trata­mos a escola. Não adi­anta termo uma escol­inha com sala, feita de tijo­los e coberta de telha, com ban­heiro e demais condições, temos que inve­stir em grandes esco­las, dotá-​las de infra-​estrutura e traz­er­mos os estu­dantes para elas, pas­sar para essas esco­las os instru­men­tos como giná­sios, esco­las de músi­cas e artes, lab­o­ratórios, etc e garan­tir que todos os estu­dantes ten­ham acesso a esse mod­elo de educação.

Com relação a eleição direta – que aprovo, inclu­sive quanto aos critérios de escolha –, é necessário acres­cen­tar uma espé­cie de rank­ing que per­mita a des­ti­tu­ição em caso de insucesso da gestão. Em edu­cação, é necessário que se afirme sem­pre, o pri­or­itário é que os estu­dantes apren­dam, que adquiram con­hec­i­mento e que apren­dam a pensar.

Quando, ainda na cam­panha, o agora gov­er­nador anun­ciou a cri­ação de uma Sec­re­taria de Transparên­cia e Con­t­role, diante das infor­mações que pos­suía – e por isso cri­tiquei –, pen­sei tratar-​se de mais um órgão a fazer parte da exager­ada estru­tura exis­tente se sobre­pondo aos órgãos já exis­tentes. Exam­i­nando a estru­tura da pasta cri­ada através da MP 186, ver­i­fico que houve uma con­cen­tração de atribuições dos demais orgãos ( con­tro­lado­ria, ouvi­do­ria e out­ros mecan­is­mos de con­t­role) encar­regado de assi­s­tir direta e ime­di­ata­mente ao gov­er­nador, com atribuições capazes de garan­tir a pro­teção do patrimônio público e fis­cal­iza­ção por parte da sociedade.

Acred­ito que o órgão será de grande valia para dotar o estado de ver­dadeiro espírito público, onde as pes­soas saibam sep­a­rar o público do pri­vado, relações insti­tu­cionais de relações pri­vadas. Trata-​se de instru­mento capaz de devolver a cidada­nia a um estado que nunca teve a chance con­viver com ela.

O gov­erno que se instalou, como disse, pre­cisa redun­dar as bases do estado, os instru­men­tos apre­sen­ta­dos neste primeiro momento, são impor­tantes, rel­e­vantes e impre­scindíveis, para os fins que o gov­er­nador prom­e­teu em palanque durante a cam­panha e durante a sua posse, ape­sar disso acred­ito ser necessária uma providên­cia prévia.

O que mais tenho visto e ouvi são denún­cias de desvios, rou­bos, mau uso e malfeitos com a coisa pública, de outro lado, os que saíram recla­mam de perseguições, revan­chismo, afir­mações que que as finanças públi­cas estavam saneadas, com din­heiro em caixa, etc.

Diante disso e como medida que aten­de­ria a todos: per­gunto se não seria o momento de se encomen­dar uma audi­to­ria externa inde­pen­dente para apu­rar tudo que foi feito nos últi­mos anos no Maran­hão, qual o mon­tante da dívida, como foi con­traída, qual o tamanho do rombo? Tudo isso, sem qual­quer acusação de moti­vação política.

A audi­to­ria externa, inde­pen­dente, entendo ser necessário e urgente para apu­rar e atribuir as respon­s­abil­i­dades a quem se deve e mostrar à sociedade sem qual­quer ques­tion­a­mento a real situ­ação em que os novos gov­er­nantes estão recebendo o estado.

Como disse no ini­cio a hora é de pas­sar o Maran­hão a limpo.

Abdon Mar­inho é advogado.

PS. Sobre o FESMA — Força Estad­ual da Saúde do Maran­hão, tratarei em texto especí­fico onde abor­darei toda a questão da saúde.

UMA PRI­OR­I­DADE NACIONAL.

UMA PRI­OR­I­DADE NACIONAL.

Tanto na esfera fed­eral quanto na estad­ual gan­hou destaque como pri­or­i­dade para o próx­imo mandato, a questão educacional.

A pres­i­dente reeleita Dilma Rouss­eff esta­b­ele­ceu como lema de gov­erno: Brasil, pátria edu­cadora. Já o gov­er­nador Flávio Dino em seu dis­curso de posse prom­e­teu, em parce­ria com os prefeitos munic­i­pais, erradicar as esco­las que fun­cionam em taperas, em casas de taipas e cober­tas de palha, sem qual­quer condição de salu­bri­dade; em decreto, tam­bém, deter­mi­nou a eleição direta para os dire­tores de escolas.

Não é seg­redo para ninguém que a edu­cação brasileira ficou para trás no cenário mundial. Qual­quer teste inter­na­cional que faça o Brasil ocupa as últi­mas posições. O Maran­hão, já dis­se­mos aqui inúmeras vezes, as últi­mas posições nos testes nacionais, logo, nossa edu­cação está atrás dos que estão atrás. É com júbilo que recebe­mos as duas noti­cias, uma pauta que tem trinta anos de atraso.

Entre­tanto, em que pese as boas intenções dos gov­er­nantes é necessário que eles enten­dam as causas que levaram a edu­cação brasileira e maran­hense a uma situ­ação tão des­fa­vorável e adotem as medi­das necessárias para mudar essa realidade.

Como bem diag­nos­ti­cou o gov­er­nador maran­hense, o primeiro prob­lema a ser enfrentado é a falta de condições das esco­las munic­i­pais, aque­las que estão, sobre­tudo na zona rural do estado, que fun­cionam em casas de far­inha, em salões paro­quiais, asso­ci­ações de moradores e até mesmo, em salas cedi­das nas residên­cias. Por mais que se esforcem os pro­fes­sores, essas escol­in­has não têm condições de ofer­e­cerem uma edu­cação min­i­ma­mente con­dizente com os tem­pos atuais.

O que se espera, é que o MEC, diante da nova dire­triz do gov­erno, cor­rija os cam­in­hos erráti­cos que tem ado­tado até aqui.

Ë inegável que a par­tir da cri­ação do FUN­DEF, pos­te­ri­or­mente trans­for­mado em FUN­DEB, a edu­cação brasileira avançou bas­tante, prin­ci­pal­mente no que se ref­ere à val­oriza­ção do mag­istério. Entre­tanto – as pesquisas com­pro­vam – a qual­i­dade do ensino não tem avançado da mesma forma. Em algu­mas situ­ações podemos afir­mar que há uma redução no nível do apren­dizado, os estu­dantes de hoje sabem bem menos que os estu­dantes de vinte, trinta, quarenta anos atrás.

Uma das razões da qual­i­dade do ensino não haver acom­pan­hado o aumento dos inves­ti­men­tos feitos no setor, diz respeito à falta de qual­i­dade e do mod­elo de esco­las, sem desprezar, claro, os inter­esses dis­per­sos do público jovem, que bom­bardeado, por todos os lados por inúmeras infor­mações, pos­sui bem pouco conhecimento.

No que se ref­ere ao mod­elo de escola, vejam um breve exem­plo: o FNDE disponi­bi­liza recur­sos para os municí­pios con­struírem esco­las, entre­tanto, o processo é longo e segue regras que vão de encon­tro aos obje­tivos dese­ja­dos pelo gov­erno que é a mel­hora na qual­i­dade do ensino, como é o caso da insistên­cia do gov­erno em con­struir esco­las de uma ou duas salas, sem quais­quer out­ros instru­men­tos que facilitem o apren­dizado. Essas esco­las, está com­pro­vado, emb­ora, de longe, seja bem mel­hores do que as exis­tentes, não pos­suem condições de ofer­e­cer uma edu­cação de qualidade.

Mel­hor seria o gov­erno apos­tar em escolas-​polos com boa estru­tura ao invés destas escol­in­has, que nada mais são que depósi­tos de cri­anças onde os pro­fes­sores só dis­põem de quadro-​negro e giz. O MEC tem sido refratário a essas ideias, recusando-​se a aprovar escolas-​polos, ape­sar de jus­ti­fica­ti­vas plausíveis, com o argu­men­tos mera­mente buro­cráti­cos. O efeito per­verso do mod­elo é sac­ri­ficar ainda mais as finanças dos municí­pios, com mini-​escolas e redução da carga-​horária dos pro­fes­sores (hoje grande parte dos pro­fes­sores ficam em sala de aula cerca de treze hora levando a con­tratação de um segundo pro­fes­sor para com­ple­tar a carga horária mín­ima dos alunos, os que cumprem, grande parte só finge). Em resumo, até quando o gov­erno tenta e quer aju­dar, atrapalha.

Recebo com otimismo a pro­posta do gov­erno estad­ual se unir aos municí­pios para erradi­carem as esco­las precárias no Maran­hão, com teto de palha, pare­des de adobe e chão batido, mas é pre­ciso ir além. Acred­ito que deva apoiar as ini­cia­ti­vas pio­neiras já implan­tas em alguns municí­pios maran­henses, sobre­tudo os que estão apo­s­tando em escolas-​pólos, onde se con­cen­tram mais alunos, mas com qual­i­dade de unidades esco­lares e equipa­men­tos bem supe­ri­ores. O que, com certeza, mel­hora a qual­i­dade de ensino dos educandos.

O gov­erno estad­ual pre­cisa enfrentar essa questão com cor­agem, apoiando os municí­pios e mel­ho­rando a própria qual­i­dade da rede de ensino médio. Muitas das esco­las da rede estad­ual, a exem­plo de muitas esco­las das redes munic­i­pais, não pas­sam de depósi­tos de ado­les­centes, sem a estru­tura mín­ima para fun­ciona­mento, onde fal­tam pro­fes­sores em diver­sas dis­ci­plinas, onde muitos pro­fes­sores estão min­is­trando aulas fora de suas for­mações, “tapando buraco”, como se diz, out­ros já tendo pas­sado do tempo de se aposen­tar, ape­nas esperam a inclusão de suas van­ta­gens em folha para saírem. Todas essas situ­ações levam os estu­dantes a ficarem ociosos e um ter­reno per­me­ável às ameaças exter­nas, com a vio­lên­cia e o trá­fico de drogas.

Cabeça vazia, ofic­ina do diabo, já dizia meu pai. Mais do que nunca é necessário man­ter a juven­tude ocu­pada, estu­dando, prat­i­cando esportes, prat­i­cando artes.

A democ­ra­ti­za­ção da gestão esco­lar, através da eleição, pro­posta do gov­er­nador no primeiro dia do mandato, emb­ora rep­re­sente um grande avanço, pois tira a bar­ganha da indi­cação política, não se trata de uma pana­ceia mila­grosa capaz de resolver todos os gargalos.

A eleição direta é uma pauta que vem desde a rede­moc­ra­ti­za­ção do Brasil em 1985. A medida alvis­sareira e democrática do gov­erno pode­ria trazer no mesmo decreto a imposição de rank­ing para as esco­las estad­u­ais, onde os dire­tores, emb­ora eleitos demo­c­ra­ti­ca­mente, pode­riam perder o cargo se as esco­las que dirigem não apre­sentarem resul­ta­dos satisfatórios.

A eleição direta, que rep­re­senta um grande passo, não pode ser uma camisa de força ou mera con­quista, tem que trazer junto a mel­hora na qual­i­dade do ensino. A democ­ra­ti­za­ção tem que vir junto com a respon­s­abil­i­dade do cumpri­mento de metas claras sob pena de dar guar­ida a dire­tores bons de política e pés­si­mos de edu­cação ou ainda de dire­tores que “passem a mão\» sobre a cabeça dos servi­dores e de alunos para ficar “na boa”.

Os desafios para tornar o Brasil gigante no campo edu­ca­cional pre­cisa de união e um esforço mon­u­men­tal dos gov­er­nantes. Desafios que vão bem além dos dis­cur­sos, palavras de ordem ou medi­das cosméticas.

Abdon Mar­inho é advogado.

ANJOS E DEMÔNIOS.

ANJOS E DEMÔNIOS.

Todo pro­gresso do Maran­hão é dev­ido a Sarney.

Toda des­graça do Maran­hão é dev­ida a Sarney.

Assim ini­cio esse texto sobre o fechamento do ciclo político coman­dado pelo senador “maranho-​amapaense” José Sar­ney (neol­o­gismo cri­ado pelo saudoso jor­nal­ista Wal­ter Rodrigues).

Agora e pelos próx­i­mos anos esse será o dis­curso dos ali­a­dos e adver­sários do grupo Sar­ney. Emb­ora um e outro não recon­heçam, ambos os argu­men­tos, com os seus “senões\», estarão cer­tos, con­forme a ótica de quem vê e inter­preta os fatos no Maran­hão, cada um puxando a brasa para a sua sardinha.

Arti­gos do próprio ex-​presidente, dos seus inúmeros ali­a­dos e todo seu aparato midiático (incluindo jor­nais, TV’s, rádios, canais de inter­net, blogues), já faz tempo, ten­tam vender o legado do sar­neysmo como de méri­tos e bonanças, creditando-​lhe grandes obras de infra-​estrutura como o Porto do Itaqui, rodovias, fer­rovias; desen­volvi­mento econômico, empre­sas insta­l­adas; situ­ação finan­ceira, etc.

Os adver­sários valem-​se dos números africanos dos indi­cadores soci­ais para mostrar o atraso a que foi sub­metido o estado em quase 50 anos de dom­i­nação de um mesmo grupo.

O Maran­hão é campeão entre os que recebem bolsa-​família, com quase 50% (cinquenta por cento) de sua pop­u­lação como ben­e­fi­cia­ria, ocupa as últi­mas posições em desen­volvi­mento humano, últi­mas posições entre os esta­dos onde ocorre mais óbitos infan­tis, a edu­cação na rabeira em toda pesquisa do ENEM, do PISA, da Prova Brasil e de qual­quer outra avali­ação que se faça; a vio­lên­cia, rep­re­sen­tada pela matança indis­crim­i­nada, pelo trá­fico de dro­gas, assaltos, tornou o estado um dos lugares mais perigosos do mundo para se viver; menor per capita de poli­cial, de médico a desigual­dade social mostra o estado vivendo seu apogeu da Idade Média.

Ambos os lados, na inca­paci­dade de enx­er­garem o quadro como um todo, olharão e difundirão a ver­são que for mais conveniente.

Faz parte da política maran­hense a visão maniqueísta das coisas. O bor­dão mais comum por aqui é: \«do meu lado até o que não presta é bom, do outro lado até o que é bom não presta\».

Assim, com ver­dades con­ve­nientes, meias ver­dades e men­ti­ras inteiras, os gru­pos políti­cos con­tin­uarão a sua busca incan­sável, para man­ter, con­quis­tar ou retornar ao poder. Ver­e­mos e torçamos para que façam isso em sin­to­nia com os anseios e as neces­si­dades dos cidadãos.

Emb­ora ache pre­maturo dizer-​se que o grupo que deixa o poder não tem chance de retorno, enfrenta suas difi­cul­dades, das quais, a prin­ci­pal é a falta de um líder sagaz e com con­hec­i­mento político do estado. Prova maior disso é o can­didato que escol­heram para dis­putar a última eleição que a muitos pare­ceu uma piada de mau gosto e que cau­sou mais afas­ta­mento do que união.

Outro ponto em des­fa­vor é o mod­elo de “desen­volvi­mento\» que dizem ter implan­tado no estado. Não esqueço uma declar­ação do senador, acom­pan­hando a filha gov­er­nadora, numa inau­gu­ração de uma empresa pri­vada, em que sau­dava a indus­tri­al­iza­ção que chegava ao Maran­hão. Atribui a um ato falho.

Como é pos­sível saudar a indus­tri­al­iza­ção do Maran­hão depois de tanto tempo no poder? O Brasil se indus­tri­al­i­zou para valer já nos anos cinquenta. Como que só agora, em pleno 2014, esta­mos saudando este advento no Maran­hão? Só posso atribuir a u lapso de memória.

Se estes são pon­tos neg­a­tivos, por outro lado, os favore­cem a comparação.

Em um texto ante­rior (bem antes das eleições), dis­cor­ria sobre as difi­cul­dades de um futuro gov­erno de sucessão ao grupo Sar­ney. Expli­cava o motivo. Em política, uma das for­mas de com­bate é a com­para­ção entre o legado de real­iza­ções dos gru­pos. No caso do Maran­hão não se terá, por um bom tempo, como fazer a com­para­ção: após tanto tanto tempo de poder, não há qual­quer parâmetro para com­parar o que fez o grupo que deixa o poder com qual­quer outro grupo que já esteve.

O Sar­neysmo manda e des­manda no Maran­hão há meio século. Em ter­mos de longev­i­dade, só é pos­sível com­parar com o Segundo Reinado. Nestes anos a real­i­dade econômica do Brasil sofreu enormes mod­i­fi­cações. O país deixou de ser emi­nen­te­mente rural para urbano. Tive­mos um surto desen­volvi­men­tista do período mil­i­tar estim­u­lando a col­o­niza­ção da região amazônica, os grandes pro­je­tos de inte­gração, no qual o Maran­hão foi “ben­e­fi­ci­ado”. Em ter­mos de poder, nem se fala, o líder do grupo, está no cenário político nacional desde 1955, são sessenta anos acu­mu­lando poder, chegando a ocu­par a Presidên­cia da República por cinco anos. O primeiro gov­erno eleito no Maran­hão desde os anos sessenta como oposição, foi o de Jack­son Lago, que durou ape­nas dois anos , nos quais esteve siti­ado nos Leões, não servindo de bal­iza para qual­quer comparação.

Os desac­er­tos do curto mandato, emb­ora ten­ham con­tato com a par­tic­i­pação efe­tiva de aux­il­iares sem com­pro­misso, inca­pazes e cor­rup­tos, devem-​se tam­bém à imensa sab­o­tagem que sofreu tanto de den­tro do apar­elho do próprio gov­erno – com suas engrena­gens mon­tadas e azeitadas pelos adver­sários –, à mídia inclemente, dom­i­nada pelos opos­i­tores, quanto ao domínio da política pelo senador Sar­ney no cenário nacional. Cabendo reg­is­trar, neste último, a deci­siva par­tic­i­pação dos líderes maiores do gov­erno federal.

O próx­imo gov­erno terá, pela primeira vez, em meio século, mel­hores condições para fazer uma efe­tiva mudança política no estado. Condições que, os que viraram oposição no gov­erno, tiveram e que o único gov­erno eleito na oposição, não teve. Em que pese ainda deter parcela de poder con­sid­erável na máquina fed­eral, através do seu par­tido e influên­cia junto aos tri­bunais, não resta dúvida que essa ingerên­cia será bem menor a par­tir de agora do que foi até aqui.

O futuro gov­erno terá a seu favor o fato de ter sido eleito com uma acacha­pante vitória, por­tanto, sem temer qual­quer ques­tion­a­mento de mandato na justiça eleitoral, ter eleito senador e diver­sos dep­uta­dos fed­erais, con­tar com uma boa e talvez majoritária ban­cada na Assem­bleia Leg­isla­tiva, pos­suir bom trân­sito no gov­erno fed­eral e não con­tar com a oposição do grupo que perdeu o mando como menos influên­cia nas hostes do poder federal.

O ineditismo pos­si­bilita que faça as mudanças que o povo que o elegeu tanto anseia.

Essa é a nossa tor­cida. Que o ano novo, que o gov­erno novo, faça o Maran­hão avançar e con­quis­tar seu lugar no cenário nacional. Poten­cial para isso pos­sui de sobra.

Um bom ano, um bom recomeço com paz e esper­ança para todos.

Abdon Mar­inho é advogado.