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A tragé­dia só é menor que o crime.

Escrito por Abdon Mar­inho

A TRAGÉ­DIA É MENOR QUE O CRIME.

Por Abdon Marinho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, rep­re­sen­tando médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.

Abdon Mar­inho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, representando

A TRAGÉ­DIA É MENOR QUE O CRIME.

Por Abdon Marinho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, rep­re­sen­tando médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

A TRAGÉ­DIA É MENOR QUE O CRIME.

Por Abdon Marinho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, rep­re­sen­tando médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.

médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.

A vitória do cinismo.

Escrito por Abdon Mar­inho



A VITÓRIA DO CIN­ISMO.

Por Abdon Mar­inho.

NESTES últi­mos dias tenho lem­brado de um querido amigo, o Dr. João Dam­a­s­ceno Mor­eira, his­to­ri­ador e advo­gado bril­hante, que nos deixou pre­co­ce­mente no agosto do des­gosto de 2018.

Dr. João ou Dr. Dam­a­s­ceno, como o chamava, ao visitar-​me vez ou outra e lançar críti­cas às elites diri­gentes deste estado, cos­tu­mava dizer: — excelên­cia, nos não temos o dire­ito de ser­mos cíni­cos; não podemos fin­gir que não esta­mos vendo o que está diante de nós.

Tenho pen­sado no extinto amigo e nessa sua exor­tação diante de uma con­statação que há algum tempo me chama atenção: ninguém – ou quase ninguém – fala mais em cor­rupção na política estad­ual. É como se esse câncer, que nega saúde, edu­cação e leva a mis­éria ao nosso povo, tivesse deix­ado de exi­s­tir.

Lem­bro que quando ini­ciei na mil­itân­cia política há mais trinta anos tín­hamos a pre­ocu­pação de com­bat­er­mos o maus hábitos da política local, iden­ti­fi­ca­dos com os nichos de cor­rupção eterniza­dos do poder para revert­er­mos os recur­sos fru­tos dos alcances em bene­fí­cios para a pop­u­lação.

Quan­tas vezes o Sítio Pira­pora não teste­munhou tais debates? Muitos deles, inclu­sive, com a par­tic­i­pação destes que hoje ocu­pam os mais ele­va­dos car­gos no estado.

Às por­tas de mais uma eleição estad­ual, inclu­sive, como muitos can­didatos já em plena cam­panha para car­gos em dis­putas (gov­er­nador, senador, dep­utado fed­eral e estad­ual), não vemos no meio político ou na imprensa local quais­quer ques­tion­a­men­tos sobre a vida pre­gressa – e atual –, destes postulantes.

A per­gunta mais comez­inha seria: como fiz­eram for­tuna na vida pública? Como estas pes­soas que con­hece­mos, prati­ca­mente, desde que nasce­ram e sabe­mos que não tin­ham de onde her­dar e que não gan­haram dezenas de vezes da “mega sena da virada” se tornaram mul­ti­m­il­ionários? Felizes pro­pri­etários de fazen­das; empre­sas, man­sões, car­rões, aviões e até iates de luxo? Como enricaram fazendo política?

Estes ques­tion­a­men­tos, que con­sidero primários, não vejo a imprensa local ou mesmo a nacional faz­erem e, tam­pouco, inves­ti­garem e ofer­e­cerem à sociedade tais respostas, para que escolha seus rep­re­sen­tantes e diri­gentes de forma con­sciente e infor­mada.

Muito pelo con­trário, como pis­toleiros ou jagunços, estão a serviço dos que enrique­ce­ram às cus­tas do din­heiro público, jus­ta­mente mas­carando suas biografias e trans­for­mando ladrões do din­heiro público em heróis.

Certa feita o gov­er­nador do estado – não faz muito tempo –, disse saber o motivo algu­mas pes­soas pos­tu­larem o comando do estado e as chaves dos cofres da “viúva”. Não deu detal­hes, não apre­sen­tou nomes; não disse se eram seus ali­a­dos ou adver­sários.

Eu, con­ver­sando com meus botões, me per­gun­tei: por que sua excelên­cia não esclarece sobre a quem se ref­ere? Por que colo­car a todos sobre sus­peição? Em sendo ali­a­dos, por que nos últi­mos sete anos con­frat­er­ni­zou e comungou com tais ladrões?

Vive­mos no Maran­hão (e tam­bém no Brasil) tem­pos de silên­cio e omis­são cúm­plices.

O nosso estado, em par­tic­u­lar, é uma aldeia. Tudo se sabe. Conhece-​se a vida de todos. Logo, o elo­quente silên­cio que teste­munhamos é o silên­cio da cumpli­ci­dade, o “cala-​boca” do cin­ismo que impera na relações entre as “novas” elites e entre estas e os “novos” for­madores de opinião.

São todos cúm­plices da ban­dal­heira; da cor­rupção e da mis­éria que assom­bra os pais de famílias.

Tal qual as famílias mafiosas de out­rora, impuseram um “código de silên­cio”: tu não falas de mim, eu não falo de ti e jun­tos com­pramos o silên­cio da mídia (aliás, com­pramos a mídia inteira), os supos­tos mem­bros do que habituou-​se chamar sociedade civil e “lava­mos a nossa história” – ou pron­tuário.

É assim, como dizia Vieira, no Maran­hão é cada vez mais comum ver­mos na mesma roda cru­ci­fi­carem o “ladrãoz­inho de gal­in­has” se exal­tar e fes­te­jar os maiores ladões da República.

O mesmo cínico que fica indig­nado com o pre­juízo cau­sado a uma pes­soa ou empresa nada mais tem, além de elo­gios, àque­les que roubam um estado inteiro.

Os indi­cadores soci­ais apon­tam que mil­hões de brasileiros foram lança­dos à mis­éria nos últi­mos anos. Só no Maran­hão, dizem, foram 400 mil lança­dos ao fla­gelo da fome e da pobreza abso­luta.

Estran­hamente, neste mesmo período, nunca vimos a classe política ficar tão rica.

Lem­bro que antiga­mente não inco­mum um político brasileiro morar em bairro pop­u­lar ou anda de ônibus. Hoje, se fazem isso, é ape­nas para “apare­cer” ou fazer uma “mídia” posando de pop­u­lar. Nos bair­ros pop­u­lares ou ônibus só os vemos através de out­door ou dos bus­door geral­mente pagos com os recur­sos dos con­tribuintes.

Vejam que não faço apolo­gia à mis­éria, longe disso, defendo o dire­ito das pes­soas “mel­horem de vida”, entre­tanto, o que esta­mos teste­munhando é um abismo entre rep­re­sen­tantes e rep­re­sen­ta­dos e que parte deste abismo se deu com a “apro­pri­ação” de recur­sos públi­cos – ou seja, dos rep­re­sen­ta­dos –, deixando os primeiros, cada vez mais ricos e os segun­dos, cada vez mais pobres.

É bem ver­dade que os políti­cos brasileiros sem­pre gan­haram bem – muito bem –, se com­para­r­mos aos seus con­gêneres ao redor do mundo, mas nada capaz de jus­ti­ficar o “fausto” em que vivem na atu­al­i­dade.

Trata-​se, na ver­dade, de recur­sos públi­cos ilegí­ti­mos que estão sendo drena­dos para o enriquec­i­mento pes­soal, com todas as suas dis­torções, diante da cumpli­ci­dade e cin­ismo de boa parte da sociedade.

Hoje temos um par­la­mento que não se con­strange em leg­is­lar em “causa própria”, na defesa dos próprios inter­esses quase sem­pre antagôni­cos aos inter­esses do povo.

São diver­sos mecan­is­mos a favore­cer a cor­rupção – o assunto proibido –, seja nos repasses de recur­sos para as cam­pan­has e par­tidos; seja nas chamadas emen­das par­la­mentares; seja no chamado “orça­mento para­lelo”; seja na impunidade e destru­ição dos órgãos de con­t­role e fis­cal­iza­ção.

E é jus­ta­mente quando a cor­rupção se torna tão acin­tosa que assis­ti­mos ao silên­cio cúm­plice e o cin­ismo dos que sem­pre se arvo­raram como “elite pen­sante do país”.

Por estes dias cir­cu­lou em algum veículo de comu­ni­cação e gru­pos de What­sApp a noti­cia que um político estad­ual – destes que con­hece­mos desde o nasci­mento –, adquirira um lux­u­oso iate de 80 pés ao custo de 20 mil­hões para o seu lazer no Rio Preguiças ou no litoral do estado.

Não sei se é ver­dade. Se o iate de fato per­tence ao par­la­men­tar, etc.

O que sei, caso seja ver­dade, é que tal aquisição, assim como os aviões de luxo, as man­sões e aparta­men­tos nababescos, rep­re­sen­tam um acinte aos cidadãos maran­henses, quando mais da metade da pop­u­lação do estado vivem abaixo da linha da pobreza, dos quais, como dito ante­ri­or­mente, 400 mil lança­dos à mis­éria no atual gov­erno.

Mesmo que o cidadão com­pro­vasse capaci­dade finan­ceira para aquisição, que provasse por A mais B a origem lícita dos dos recur­sos, seria acin­toso para a pop­u­lação tanto exibi­cionismo diante da mis­éria do povo.

Com metade da pop­u­lação estad­ual pas­sando fome, quanto daria para com­prar em ces­tas bási­cas o valor de um iate, de um avião, de uma man­são e tan­tos out­ros “brin­que­dos” que têm origem nos recur­sos públi­cos?

Repito, nada tenho con­tra a “pros­peri­dade” da pes­soas. Não se trata disso. O que se ques­tiona é o cin­ismo destas pes­soas que tanto prom­e­teram “lib­er­tar” o povo da situ­ação de mis­éria em que sem­pre estiveram ostentarem bens adquiri­dos de forma duvi­dosa jus­ta­mente quando tan­tos da pop­u­lação foram lança­dos na mis­éria.

Uma releitura do “Ser­mão do Bom ladrão”, de Vieira, não ficaria a dever se fosse: “basta sen­hor, que eu porque roubo em uma canoa ou uma bici­cleta, sou ladrão e vós que roubas em suas man­sões, aviões ou iates é chamado de excelência?”.

A indifer­ença e osten­tação destes “novos ricos” que “se fiz­eram” dizendo rep­re­sen­tar o povo não é mais grave que o cin­ismo cúm­plice de boa parcela da sociedade.

Esta, sim, a ver­dadeira des­graça.

São estas pes­soas, que não têm o “dire­ito de serem cíni­cos” os ver­dadeiros culpados.

Para o nosso des­gosto e, cer­ta­mente, o des­gosto do saudoso Dr. Dam­a­s­ceno, o cin­ismo venceu.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

A CEGUEIRA DE CADA UM E A POLÊMICA DE SEIS CENTAVOS.

Escrito por Abdon Mar­inho


A CEGUEIRA DE CADA UM E A POLÊMICA DE SEIS CEN­TAVOS.

Por Abdon Marinho.

O AMOR É CEGO, pon­tua um dito pop­u­lar ao longo dos sécu­los. O dito, de tão pop­u­lar, virou filme, virou livro …

O Brasil de hoje é a prova viva de que o dito que escuto desde cri­ança – e o qual nunca ques­tionei –, é a mais clara expressão da real­i­dade.

O ambi­ente de cegueira cole­tiva impede as pes­soas de enx­er­garem o que lhes salta aos olhos ou que lhes provam a lóg­ica, para acred­itarem e pre­garem o que lhes manda o coração – tradução para con­venci­mento pes­soal ou paixão pela causa.

O con­trário da paixão – bem pode­ria ser a indifer­ença –, é o ódio, que, como o amor, tam­bém é cego. Poder-​se-​ia dizer que o ódio é uma especie de amor com o sinal tro­cado.

O Brasil tem se tor­nado, repito, o lab­o­ratório das paixões mais irra­cionais.

Aos apaixon­a­dos pelo pres­i­dente da República mesmo os seus defeitos mais ater­radores soam como qual­i­dades – não tar­darão a defender a tor­tura, posto que já defen­dem a volta da ditadura, o AI-​5, fechamento do STF e do Con­gresso Nacional e, alguns mais rad­i­cais, até a elim­i­nação física de min­istros –, já para os cegos pelo ódio, mesmo alguma qual­i­dade – rara –, por ven­tura exis­tente na pes­soa ou no gov­erno, soa como defeito.

Aos apaixon­a­dos pelos opos­i­tores do pres­i­dente tam­bém acon­tece o mesmo: não con­seguem enx­er­gar além das suas qual­i­dades e pref­erem “pas­sar por cima” dos defeitos ou ignorá-​los.

A sem­ana que finda deparamo-​nos com o que acabo de falar.

Todos nós, direta ou indi­re­ta­mente, esta­mos sofrendo com o aumento dos preços dos com­bustíveis.

Não seria difer­ente, os preços dos com­bustíveis influên­cia em tudo. Do que colo­camos na mesa à ida ao cin­ema ou ao shop­ping, sem con­tar que gasolina a sete reais ninguém merece.

A questão dos preços dos com­bustíveis não é de difí­cil com­preen­são. Isso se você não fosse tratar com os apaixon­a­dos, senão vejamos.

Os apaixon­a­dos pelo pres­i­dente colo­cam toda a culpa pelos preços dos com­bustíveis nas alturas nos gov­er­nadores e dos impos­tos estad­u­ais.

Já para os apaixon­a­dos pelos opos­i­tores do pres­i­dente ou pelos que lhe nutrem ódio, a culpa é somente daquele.

Por estes dias o gov­er­nador do Maran­hão, sen­hor Flávio Dino, pub­li­cou nas suas redes soci­ais – e fez reper­cu­tir por todos os seus apaixon­a­dos –, o seguinte tex­tos: “Crim­i­nosos estão espal­hando que eu autor­izei o aumento de alíquota de imposto sobre gasolina no Maran­hão. Isso é MEN­TIRA. Coisa de ban­di­dos. Prob­lema de preços de com­bustíveis é nacional.

Crim­i­nosos que estão mentindo sobre aumento de com­bustíveis no Maran­hão dev­e­riam saber que não existe “tabela­mento de preços” de com­bustíveis. O gov­erno do Estado não tem poder de fixar preços de com­bustíveis. O imposto pre­visto na Con­sti­tu­ição incide sobre o preço de mercado”.

O gov­er­nador subiu nas “taman­cas” após a divul­gação de que o SEFAZ (gov­erno estad­ual) solic­i­tou, e o CON­FAZ autor­i­zou uma alter­ação no preço médio pon­der­ado ao con­sum­i­dor final no Estado Maran­hão, com ampla reper­cussão neg­a­tiva nas redes soci­ais e explo­rado à exaustão por seus adver­sários tradi­cionais e pelos “novos” adversários.

Diante disso o gov­er­nador veio com essa man­i­fes­tação que não explica, obje­ti­va­mente, o que se deu e qual a sua par­tic­i­pação na ele­vação dos preços.

Não se pre­ocu­pem que vou explicar o que o gov­er­nador ocul­tou com sua “man­i­fes­tação para enga­nar trouxas”.

Antes, porém, vou tratar da ele­vação dos preços dos com­bustíveis de uma forma geral, aquilo que os devo­tos e apaixon­a­dos pelo pres­i­dente fazem questão de igno­rar e/​ou ocul­tar.

Como sabe­mos, o petróleo é uma com­mod­ity que tem seu preço deter­mi­nado pelo mer­cado inter­na­cional e cotado em dólar.

Isso quer dizer que se o preço do bar­ril de petróleo aumenta lá fora aqui sofr­ere­mos as con­se­quên­cias.

A outra vari­ante a influir no preço dos com­bustíveis aqui é a vari­ação do dólar. Ou seja, se a nossa moeda se desval­oriza em relação ao dólar as con­se­quên­cias são as ele­vações de preços aqui den­tro.

Pois bem, em janeiro de 2019, quando o atual pres­i­dente assumiu o comando do país a cotação do dólar era 1 dólar = 3,735 reais, hoje a cotação é 1 dólar = 5,309 reais.

Como podemos perce­ber a moeda brasileira perdeu cerca de 30% (trinta por cento) de seu valor. Não foi o dólar que se val­ori­zou foi o real que perdeu valor, esta­mos, prati­ca­mente com uma moeda podre.

Essa sem­ana a Apple divul­gou seus lança­men­tos. Os preços dos seus pro­du­tos variam de US$ 399 dólares a US$ 999 dólares, um ou outro chega US$ 1,079 dólares. É prati­ca­mente o mesmo preço de 20 anos atrás quando lançaram o primeiro iPhone.

Só que se antes, se o cidadão podia com­prar um bom apar­elho pagando 5 ou 6 mil reais, já com a carga trib­utária escor­chante, hoje esse mesmo apar­elho não sai por menos de 15 mil reais.

Nen­hum país do mundo – me refiro as democ­ra­cias em ascen­são –, reg­istrou tamanha perda no valor de sua moeda.

Mesmo durante a pan­demia o que vi de desval­oriza­ção não chegou a 4% (qua­tro por cento) – o que já é muito.

Ora, se olhar­mos para real­i­dade do Brasil e para de out­ros países nas mes­mas condições que o nosso não existe jus­ti­fica­tiva para tamanha desval­oriza­ção da nossa moeda – mesmo com a pan­demia o país reg­istrou recorde na pro­dução agrí­cola, apre­senta sinais de recu­per­ação con­sis­tentes e com vaci­nação já esta­mos quase saindo da pan­demia –, que não uma política econômica equiv­o­cada.

Outro fator a jus­ti­ficar tamanha desval­oriza­ção é a insta­bil­i­dade política, as declar­ações estapafúr­dias do pres­i­dente e dos inte­grantes do gov­erno.

Em out­ras palavras, o aumento do preço dos com­bustíveis, num primeiro momento, deve­mos deb­itar ao gov­erno fed­eral e em par­tic­u­lar ao sen­hor pres­i­dente, que tem con­tribuído, sobre­maneira, para a desval­oriza­ção da nossa moeda.

Como o gov­erno fed­eral tem sido inca­paz de pro­te­ger o real e por con­se­quên­cia as econo­mias dos cidadãos, pas­sou a ter­ce­i­rizar as respon­s­abil­i­dades pelo aumento dos com­bustíveis com os esta­dos, apon­tando a ele­vada carga de ICMS como a causa do aumento dos mes­mos.

É ver­dade que o ICMS dos esta­dos é ele­vado – gira em torno de 30% –, mas quando o litro da gasolina cus­tava menos de R$ 1,00 (um real), não reclamá­va­mos dos cen­tavos que pagá­va­mos a título de ICMS. aliás, nem nos pre­ocupá­va­mos em fazer tais con­tas.

Como diz um amigo meu, dez por cento de nada é nada, já dez por cento de um mil­hão é algo sig­ni­fica­tivo.

O mesmo vale para os trinta por cento dos com­bustíveis. Emb­ora fosse pouco quando o preço era baixo, a medida que o preço se elevou começou a fazer difer­ença.

E assim cheg­amos à razão da “zanga” do sua excelên­cia, o gov­er­nador do Maran­hão com as “acusações” de que ele­vara os preços dos com­bustíveis no estado.

A menos que me provem o con­trário, é fato que o gov­erno estad­ual através da SEFAZ solic­i­tou a alter­ação do preço médio pon­der­ado ao con­sum­i­dor final, de R$ 5,7160/litro para R$ 5,9200/litro. Não vejo motivo para dis­cu­tir porque as por­tarias estão pub­li­cadas no diário ofi­cial.

O que essa alter­ação sig­nifica para o con­sum­i­dor? Sig­nifica que o valor do ICMS no caso da gasolina (mas a alter­ação se aplica a out­ros com­bustíveis) passa de R$ 1,74338 para R$ 1,8056 ou seja, para cada litro de gasolina nós, cidadãos, ire­mos pagar SEIS CEN­TAVOS a mais. Se de todo litro de gasolina que colocá­va­mos no carro R$ 1,7433 já ia para o cofre do gov­erno estad­ual, agora, deste mesmo litro irá para o cofre do estado R$ 1,8056, essa é a conta.

Sim, é ver­dade que não houve aumento da alíquota como os bol­sonar­is­tas mais afoitos espal­haram ou insin­uaram – pois a ninguém parece inter­es­sar a ver­dade é sim a ver­são –, mas, sim um aumento na base de cál­culo.

Isso sig­nifica dizer que mesmo que o dono do posto queira vender um litro de gasolina abaixo de R$ 5,9200/litro, ele pode fazer, mas arcando com o pre­juízo pois o ICMS será cobrado sobre aquele valor.

É isso apaixon­a­dos do Brasil e do Maran­hão, quando pararem no posto para abaste­cerem seus veícu­los não esqueçam de dizer: — muito obri­gado, sen­hor pres­i­dente! — muito obri­gado, sen­hor governador!

Abdon Mar­inho é advogado