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O MÉX­ICO NO HORIZONTE.

O MÉX­ICO NO HORIZONTE.

O Méx­ico tem sido sacu­d­ido por por ações vio­len­tas dos seus gru­pos crim­i­nosos, seus nar­co­traf­i­cantes, seus cartéis de trá­fico de armas. Último episó­dio, e que mais revoltou, sua pop­u­lação, foi o seque­stro e a assas­si­nato de 43 jovens. Os veícu­los de comu­ni­cação têm nar­rado com riqueza de cru­el­dade como se deu o perec­i­mento dos jovens e tam­bém a forma como gru­pos crim­i­nosos têm se infil­trado nas estru­turas de poder, tanto no apar­elho poli­cial quanto no político. Como resul­tado, temos um Estado onde é con­fusa a iden­ti­fi­cação entre mocin­hos e bandidos.

A exceção de uma das divisões admin­is­tra­ti­vas do Méx­ico, o Estado de Guer­rero, que pos­sui uma média de vio­lên­cia três vezes maior que o resto do país, o país como um todo, é bem menos vio­lento que o Brasil. O prob­lema cen­tral enfrentado e que torna tudo mais pre­ocu­pante e sem pos­si­bil­i­dade de res­olução no curto, médio ou a longo prazo é o ape­dra­mento do apar­elho estatal e a cumpli­ci­dade crim­i­nosa dos agentes públi­cos com os gru­pos crim­i­nosos. Segundo divul­gado pelos meios de comu­ni­cação o crime está infil­tra­dos em quase todos os municí­pios, sejam eles pequenos, médios ou grandes.

E o Brasil com tudo isso? Haverão de per­gun­tar os mais curiosos.

Pois bem, faz tempo que o Brasil sofre assé­dio do crime orga­ni­zado, que segue o cam­inho já per­cor­rido pelo nosso irmão do norte. A cada eleição assis­ti­mos políti­cos sérios, com­pro­meti­dos com a causa do país, serem sub­sti­tuí­dos pelos arriv­is­tas e por cor­rup­tos de todos os naipes. Aqui e ali, já temos notí­cia de pes­soas eleitas com o din­heiro sujo do trá­fico de dro­gas, do crime orga­ni­zado. Isso vem acon­te­cendo no Brasil inteiro.

No nosso país o foco do crime é a cor­rupção, os desvios de recur­sos públi­cos por diver­sos meios. São infind­áveis os pro­ced­i­men­tos poli­ci­ais e do Min­istério Público tratando deste tema. Não passa um dia sem notí­cia de cor­rupção neste período. Está de tal forma enraizada a cor­rupção no nosso meio que muitas pes­soas a tem como normal.

Sem razão cau­sou escân­dalo a declar­ação de um advo­gado de um dos envolvi­dos no esquema de desvio da Petro­bras de que “sem acerto com os políti­cos empresa alguma coloca um para­lelepípedo”, acres­cen­tando que essa é a real­i­dade nas obras da da União, dos Esta­dos e até dos Municí­pios, ainda os menores. O advo­gado deve saber do que fala, con­hece o mundo das empresas.

Não podemos igno­rar tal fato. Out­rora tín­hamos políti­cos pre­ocu­pa­dos em levar obras às local­i­dades de sua atu­ação política, em troca, bus­cavam o recon­hec­i­mento das comu­nidades e os votos dos eleitores. Estes, min­guam a cada dia. O mais comum é que nego­ciem emen­das e pro­je­tos. Que des­tinem ver­bas para municí­pios e até esta­dos onde nunca obtiveram um voto. Será que fazem isso de forma desin­ter­es­sada, sem rece­ber nada em troca? Talvez alguns, out­ros, não temos dúvi­das, fazem é nego­ciar as emen­das dos orça­men­tos em troca de per­centu­ais, que recebem dire­ta­mente ou através do patrocínio de empre­sas execu­toras. Muitas são as noti­cias sobre isso.

Não pre­cis­ariam nem ter­mos noti­cias sobre esses fatos. Assis­ti­mos no dia a dia can­didatos gastarem mil­hões em suas eleições. Val­ores que superam em muito os val­ores que rece­berão em salários durante todo o mandato. Será que fazem isso por altruísmo? Claro que não, fazem porque sabem que serão ressar­ci­dos pos­te­ri­or­mente, durante o mandato. Esse ressarci­mento será de forma ilícita.

Não pre­cisamos ir muito longe. Basta anal­isar quanto muitos can­didatos que foram eleitos no último pleito gas­taram, pes­soas que nunca fiz­eram nada a jus­ti­ficar a votação que tiveram, alguns que nunca “enfi­aram um prego numa barra de sabão”, votações estron­dosas. Qual o mis­tério? Basta fazer as con­tas para saber que muitos destes votos foram obti­dos de forma ilícita, com o abuso do poder econômico. Como o que gas­taram não será coberto, nem de longe, com os venci­men­tos que perce­berão, alguém pagará essa conta, decerto o eleitor. Não pensem que que o eleito não rece­berá, mul­ti­pli­cado, os val­ores que gastaram.

Essa é a regra. Não é aceitável que não sendo gênios das finanças, con­sigam aumen­tar inúmeras vezes o patrimônio em car­gos públi­cos ou em mandatos.

Mas o alerta que faço, e que tem refer­ên­cia com a situ­ação mex­i­cana, diz respeito, não ape­nas, ao fato de muitos dos eleitos serem voca­ciona­dos para a cor­rupção e o enriquec­i­mento ilíc­ito. A política brasileira, neste aspecto, está, infe­liz­mente, mudando de pata­mar. A exem­plo do que vem ocor­rendo no Méx­ico, muitos políti­cos brasileiros, são ban­ca­dos pelo crime orga­ni­zado, quando não são, eles próprios, os eleitos para usarem o mandato como bio­mbo das suas ativi­dades criminosas.

Não faz muito tempo empreen­deram diver­sas oper­ações poli­ci­ais no estado com o obje­tivo de des­baratar quadrilhas insta­l­adas nos diver­sos municí­pios. No cen­tro do assunto, a agio­tagem. Prefeitos eleitos, finan­cia­dos por agio­tas, e que, empos­sa­dos entre­gavam suas admin­is­trações, prin­ci­pal­mente as sec­re­tarias com mais recur­sos, saúde, edu­cação e obras. Estes, através suas empre­sas de fachada, sim­ulavam venda de ali­men­tação esco­lar, remé­dios e a exe­cução de obras, uni­ca­mente com o propósito de san­grar os cofres públi­cos. O din­heiro saia, os serviços, medica­men­tos e ali­men­tos jamais chegavam aos destinatários.

Em que pese as inúmeras ações poli­ci­ais, as noti­cias que chegam de alguns municí­pios, é que as coisas con­tin­uam acon­te­cendo da mesma forma. Os municí­pios con­tin­uam entregues a agio­tas, as finanças públi­cas con­tin­uam sendo sangradas, empre­sas de fachada con­tin­uam recebendo recur­sos públi­cos a troco de nada.

Mais que isso, em des­do­bra­mento da prática nefasta, muitos bus­cam através de apoios ou da par­tic­i­pação direta, ocu­parem espaços nos par­la­men­tos do estado. E isso não vem acon­te­cendo ape­nas no Maran­hão, ocorre em quase todo o Brasil.

No caso do Maran­hão, lem­bro que quando tra­bal­hei na Assem­bleia Leg­isla­tiva, no começo dos anos 90, ouvia dos dep­uta­dos daquela leg­is­latura, que aquela era a pior com­posição que tin­ham notí­cia até aquele momento. Pas­sa­dos vinte e cinco, ouço de ou de outro, com quem tenho con­tato, que todas as com­posições de 1991 para cá foram sem­pre piores que as anteriores.

As noti­cias são sem­pre de negó­cios nefas­tos aos inter­esses públi­cos, isso quando o mandato não serve, ele próprio, como instru­mento a serviço da criminalidade.

A sociedade pre­cisa ficar atenta e vig­i­lante para impedir que a política se degenere cada vez mais e mandatos sejam instru­men­tos para o enriquec­i­mento ilíc­ito e de toda sorte de crimes.

Abdon Mar­inho é advogado.

OS PUN­GUIS­TAS DO PODER.

OS PUN­GUIS­TAS DO PODER.

O Maran­hão, sobre­tudo, São Luís, pos­sui uma riqueza de per­son­agens. O char­gista Cordeiro Filho tem diver­sos tra­bal­hos que os retratam. Sobre um destes per­son­agens maran­henses, um pun­guista da Rua Grande (que não me recordo que tenha sido objeto de tra­balho do profis­sional de charges referido), acred­ito já tenha fal­ado. Se já falei, falarei nova­mente, se não, falo agora. Con­tam os mais anti­gos que na prin­ci­pal artéria da cap­i­tal um malan­dro a aproveitar-​se dos des­cui­dos dos transe­untes para furta-​lhes as carteiras e bol­sas. Suas víti­mas prin­ci­pais eram as mul­heres. Quando a vítima dava pela falta da carteira ou bolsa, ele era o primeiro a sair gri­tando, junto com a vítima: “Pega ladrão!”, \«pega ladrão!”

E, no tumulto que se for­mava, acabava por se perder no meio do povaréu.

Não con­sigo deixar de pen­sar no per­son­agem quando vejo as man­i­fes­tações dos gov­ernistas do poder cen­tral diante dos escân­da­los que se suce­dem. Aliás, é mais fácil fal­tar coceira em bar­riga de macaco que escân­dalo no gov­erno dos companheiros.

Vejam, eles, o par­tido da pres­i­dente, do seu vice-​presidente e mais alguns da base ali­ada estão sendo acu­sa­dos e há provas, con­fes­sadas e doc­u­men­tadas, de roubarem bil­hões de reais da maior estatal brasileira, a Petro­bras. Infor­mações pre­lim­inares apon­tam que só o Sr. Alberto Youssef, \«lavou\» cerca de R$ 10 bil­hões (evito colo­car os zeros para não con­fundir os leitores). Os acor­dos para devolução do mal havido por parte dos dela­tores já somam R$ 425 mil­hões de reais, valor cor­re­spon­dente a ape­nas cinco delatores.”Só o quin­hão deles, a comis­são que cobravam pelo \«ser­vicinho\» sujo. Só o ex-​diretor Paulo Roberto Costa já devolveu mais de R$ 70 mil­hões de reais. Out­ros envolvi­dos estão no mesmo cam­inho; os acu­sa­dos que aceitaram acordo de delação já afir­maram que a “propina\» iam para três par­tidos, Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, da pres­i­dente da República, Par­tido do Movi­mento Democrático Brasileiro — PMDB, do vice-​presidente da República e Par­tido Pro­gres­sista — PP, da base ali­ada”, e vari­avam de um a três por cento do valor de cada con­trato; alguns empresários já con­fes­saram que sofriam pressão dos inter­mediários dos par­tidos para pagar a \«comissão\».

Uma empresa estrangeira já devolveu mais de US$ 200 mil­hões de dólares, por conta dos sub­or­nos pagos aos exec­u­tivos brasileiros para con­seguir con­tratos com a Petrobras.

Essas mes­mas noti­cias dão conta do envolvi­mento de diver­sos min­istros, gov­er­nadores, pres­i­dente e ex-​presidente e de cerca de 100 par­la­mentares. Até agora.

Como vemos, nunca se teve notí­cia de esquema de tamanha enver­gadura para saquear cofres públi­cos, em tempo algum da história do Brasil. Na ver­dade essa é uma afir­mação que dev­e­ria, com mais justiça que todas as out­ras que abusamos de ouvir nos tem­pos, que nunca na história deste país se roubou tanto.

Pois bem, quando digo que os líderes gov­ernistas e seus ali­a­dos agem como os pun­guis­tas de out­rora é porque eles saem aí gar­gan­teado que são os autores de toda essa inves­ti­gação, que a Polí­cia Fed­eral, o Min­istério Público e até o Pode Judi­ciário, estão que estão fazendo todo esse tra­balho, o fazem por sua inspi­ração. E vão além, no cin­ismo sem fron­teiras: as inves­ti­gações vão prosseguir, doar a quem doer. Palavras do min­istro da justiça e da pres­i­dente da República.

Eu não me dava conta desse golpe de gênio. Os gov­ernistas nomearam os ladrões, cobraram as propinas, con­trataram os doleiros para lavarem o din­heiro sujo, envolveram uma rede enorme de ali­a­dos de todos os par­tidos da sua base de sus­ten­tação, tudo com o propósito de depois man­darem inves­ti­gar e colo­car os malfeitores na cadeia. Genial. Nesse ritmo, pelo andar da car­ru­agem, o próx­imo passo será a pres­i­dente man­dar dec­re­tar sua própria prisão e do seu ante­ces­sor, o Sr. Lula.

Como vemos, isso não faz o menor sen­tido. Entre­tanto é isso que estão vendendo aos incau­tos. Que as inves­ti­gações que aponta a para os seus par­tidos são por obra dos atu­ais man­datários e não das insti­tu­ições. Que nos gov­er­nos ante­ri­ores isso tudo seria engave­tado. Não socorre, sequer, pen­sar que nos­sas insti­tu­ições, em que pese as ten­ta­ti­vas reit­er­adas de apar­el­hamento, estão mais maduras. Há, ainda, a ridícula colo­cação que são os tucanos, da Globo, da Veja, da Polí­cia Fed­eral, os respon­sáveis pela roubalheira.

Sobre essas teses, outro dia li, em algum lugar, acho que nas redes soci­ais, que se tornaram caixa de ressonân­cia de tudo que é lou­cura, a seguinte colo­cação: O golpe fra­cas­sou, empre­it­eiras envolvi­das no escân­dalo da Petro­bras tam­bém doaram aos tucano.

Coisa de maluco. O que tem demais que ten­ham doado se não há proibição alguma a isso? Não há prob­lema em fazer doação para cam­pan­has, a esse ou aque­les par­tidos. O que se está dis­cutindo é o esquema de cor­rupção mon­tado com o con­sór­cio do poder, para colo­car sobrepreço em obras e serviços para que esta difer­ença retor­nasse aos cofres dos par­tidos e seus líderes; o que está errado é a cobrança de propinas de um a três por cento em todos con­tratos, como está se com­pro­vando agora. Quem mon­tou o esquema que está levanto a Petro­bras à ban­car­rota foram os gov­ernistas e seus ali­a­dos e não os opos­i­tores. O esquema subiu as escadas do Palá­cio do Planalto, con­forme já dito e com­pro­vado por depoi­men­tos e provas, por suas ações e de seus aliados.

Lem­bro que 2005, logo que estourou o escân­dalo do men­salão, um amigo, muito querido, ten­tou jus­ti­ficar que aquela ban­dal­heira era des­culpável por ser em nome da causa. Disse-​lhe, clara­mente que não era aceitável, sob nen­huma hipótese que aque­les que foram eleitos para colo­car o país nos tril­hos tivesse como meta sofisticar os mecan­is­mos de cor­rupção em nome de qual­quer coisa.

Ainda que fosse para uma causa fic­tí­cia não seria aceitável.

Repito: As pes­soas não são são eleitas para roubar o din­heiro público, ainda que em nome de qual­quer causa.

Agora esta­mos diante uma ban­dal­heira ainda maior. Mais uma vez as autori­dades e seus líderes ten­tam a todo custo, desviar a atenção e erguer fal­sas corti­nas de fumaça para encobri-​la. Mais uma vez não têm razão em san­grar a nação.

Abdon Mar­inho é advogado.

A CRISE NECESSÁRIA.

A CRISE NECESSÁRIA.

Os dias próx­i­mos dias não serão fáceis para os atu­ais donos do poder, sobre­tudo, para aque­les que, igno­rando todas as regras que juraram solen­e­mente respeitar, como o zelo as leis, o respeito às insti­tu­ições, e a pro­bidade admin­is­tra­tiva, pas­saram a usar os recur­sos públi­cos como seus e tornaram do estatais um tram­polim para o enriquec­i­mento pessoal.

Em mais um des­do­bra­mento da Oper­ação Lava Jato da Polí­cia Fed­eral, vimos, out­rora, tidos por respeitáveis empresários, enver­gando seus ter­nos caros e com suas malas de grife, sendo con­duzi­dos por agentes poli­ci­ais, altos exec­u­tivos públi­cos e pri­va­dos, sendo conduzidos.

Acred­ito, pelo que lem­bro e acom­panho da política nacional, esta­mos diante da maior crise política e econômica desde a rede­moc­ra­ti­za­ção do país. A oper­ação coloca no olho do furacão da crise empre­sas que povoaram nosso imag­inário como a Camargo Cor­rêa, Mendes Junior, Ode­brecht e Andrade Gutier­rez. Out­ras, menos icôni­cas, mas nem por isso menos poderosas, como UTC, Promon, MPE, Toyo-​SOG, entre out­ras menores. A meta de todas e sob o comando do par­tido que assumiu o gov­erno, há doze anos, com a promessa de imple­men­tar um choque ético na gestão pública, san­grar a maior empresa, como fizeram.

Os números, ainda pre­lim­inares, já divul­ga­dos, dão conta que nunca na história deste país, tan­tos empresários se uni­ram a políti­cos para roubarem, em con­sór­cio, tanto din­heiro de uma empresa brasileira.

A Petro­bras já perdeu mais da metade do seu valor de mer­cado. No momento sofre inves­ti­gação inter­na­cional, vê suas ações der­reterem e corre o risco de desvalorizar-​se ainda mais e, até, em último caso, vê-​se impe­dida de nego­ciar ações. Pela primeira vez (pelo que me recordo) atra­sou a divul­gação de seu bal­anço trimes­tral. A audi­to­ria externa con­tratada não quis e não quer se arriscar a endos­sar números que poderão ser des­men­ti­dos pelos fatos. A próx­ima data para divul­gação será daqui há trinta dias. Ninguém diz, mas essa demora, serve para saber como a empresa se com­por­tará aos próx­i­mos des­do­bra­men­tos do escândalo.

Se a Petro­bras e seus mil­hares de acionistas – aque­les cidadãos que con­fi­aram no gov­erno ante­rior e sacaram seus fun­dos de garan­tias, suas poupanças, suas econo­mias, que venderam seus bens para com­prar ações, na crença que o lucro era certo –, sofrem com estes fatos, a con­se­quên­cia, tam­bém não será menos danosa para as empre­sas pil­hadas no fla­grante explic­ito de cor­rupção. Estas, sobre­tudo, as que operam no exte­rior, pas­sarão a sofrer restrições – ninguém quer se vin­cu­lar ou con­tratar com um empresa sob inves­ti­gação de autori­dades poli­ci­ais e judi­ci­ais e que tem exec­u­tivos pre­sos, bens indisponíveis e etc. – , perderão mer­cado e serão desval­orizadas. É essa é a regra do jogo, é a regra da vida. As pes­soas fazem vis­tas grossas aos malfeitos alheios, entre­tanto, se tais deslizes vêm a público de forma incon­tornável, pas­sam a ser trata­dos como eram tratado, no pas­sado, os lep­rosos. Todas dev­erão perder valor e trabalhos.

Caso a crise ficasse cir­cun­scrita aos fatos já expos­tos, ape­nas envol­vendo a maior empresa do país e as maiores empre­it­eiras, já seria sufi­ciente para um grande sismo no país. Só que ela irá muito além, com as delações ter­e­mos com­pro­metido quase todo o gov­erno, os par­tidos que lhe dão sus­ten­tação e expres­siva parcela do Con­gresso Nacional, será muito mais aguda.

Esta­mos, como disse no iní­cio, diante de uma crise sem prece­dentes. Até mesmo os fatos que cul­mi­naram na cas­sação de Color, o primeiro pres­i­dente eleito após a rede­moc­ra­ti­za­ção, sequer chegou perto do momento que vive­mos, muito pelo con­trário, as moti­vações que o levaram a perda do mandato, vis­tas com os olhos de hoje, com­para­das com os atu­ais fatos, fazem aque­les pare­cerem trav­es­suras de mole­ques, cri­anças que nunca tendo comido melado, lambuzaram-​se ao comer.

Ape­sar das con­se­quên­cias impre­visíveis do atual momento, caso nos­sas insti­tu­ições democráti­cas con­sigam superar o momento, com a polí­cia inves­ti­gando e apon­tando todos respon­sáveis, com o Min­istério Público denun­ciando, o Poder Judi­ciário e o Con­gresso Nacional (o que sobrar dele), punindo com rigor os cul­pa­dos, acred­ito que saire­mos bem mais for­t­ale­ci­dos. O Brasil con­seguirá sair-​se aos olhos do mundo como um país com insti­tu­ições sól­i­das e capaz de respon­der como deve ser respon­dido aos malfeitores e salteadores do poder. Será a vitória do Brasil decente, da maior parcela da pop­u­lação brasileira que não coon­esta com a cor­rupção e que já está cansada de assi­s­tir os recur­sos públi­cos, que dev­e­riam está sendo empre­ga­dos em ben­efi­cio da saciedade, na mel­ho­ria da saúde, da edu­cação e da infra-​estrutura, estarem sendo drena­dos para con­tas sec­re­tas – prin­ci­pal­mente no exte­rior –, de políti­cos e empresários corruptos.

Emb­ora, nunca tenha dese­jado ver o meu país pas­sar por tan­tos con­strag­i­men­tos aos olhos do mundo, acho que a atual crise é necessária para con­sol­i­dar as nos­sas insti­tu­ições. Trata-​se, por assim dizer, de uma crise necessária a amadurec­i­mento do nação. Lem­bro que não tín­hamos com­ple­tado vinte anos do fim da ditadura mil­i­tar quando o primeiro pres­i­dente eleito foi cas­sado, o Brasil pas­sou por tal momento sem maiores con­tur­bações. Não será agora que irá ruir caso fatos semel­hantes ven­ham a acon­te­cer. O Brasil é maior que qual­quer dos seus cidadãos. E é assim que tem que ser.

Ques­tion­ado pelos mais famosos filól­o­gos, convencionou-​se dizer que o termo crise, em chinês, é com­posto por dois car­ac­teres, sig­nif­i­cando o primeiro perigo e o segundo opor­tu­nidade. Emb­ora sem endos­sar quais­quer dos entendi­men­tos, talvez o perigo que passa o Brasil e suas insti­tu­ições seja o que falta para con­sol­i­dar­mos a opor­tu­nidade de con­struir um país bem melhor.

Abdon Mar­inho é advogado.