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Uma breve crônica para o amanhã.

Escrito por Abdon Mar­inho


Uma breve crônica para o amanhã.

Por Abdon C. Marinho.

LOGO CEDO um amigo me chamou para ir à praia. Ape­nas para olhar o mar. Como as man­hãs de domingo, no inter­valo da 8 às 10 horas, tiro para escr­ever logo vi que não teríamos a nossa crônica do fim de sem­ana.

Ape­sar de ser averso as mudanças na rotina resolvi dedicar essa manhã, ainda que por curto tempo, uma ou duas horas, a con­tem­plação da natureza.

A natureza vale muito a pena, muito emb­ora, na nossa pequenez não con­sig­amos ter essa dimen­são.

Há muitos anos, quando ainda menino, li ou ouvi uma frase nunca esqueci: “exis­tem coisas tão grandes que não con­seguimos enx­er­gar”.

Na minha cabeça de cri­ança fiquei com isso na cabeça, não con­seguia enten­der como era pos­sível não enx­er­gar as “coisas grandes”, até então pen­sava que tín­hamos difi­cul­dades de enx­er­gar só as coisas peque­nas, tão peque­nas que mesmo forçando a vista tín­hamos difi­cul­dades para enx­er­gar. Já as coisas grandes, não. Eram fáceis de serem vis­tas.

Não enten­dia nada do que sig­nifi­cava não vê aquilo que era grande.

Muitos e muitos anos se pas­saram. As min­has miopias se tornaram de out­ros jaezes.

Uma ida à praia nessa quadra da vida me faz pen­sar no quanto esta­mos erra­dos ao não enx­erg­amos a grandiosi­dade da natureza. E, talvez por isso, nos empen­hamos tanto em destruí-​la a ponto de, hoje já se falar que atingi­mos os “pon­tos de não retorno”. Ou seja, nada que façamos a par­tir de agora servirá para que as coisas voltem a ser como eram antes.

É dizer, muitas das exper­iên­cias que ainda é pos­sível viven­cia­r­mos hoje, muito, muito em breve serão ape­nas lem­branças.

Assim como já são lem­branças o que as ger­ações ante­ri­ores viveram.

Uma manhã qual­quer, pelas seis horas, horário que saio para tra­bal­har, encon­trei um sen­horz­inho que tam­bém saía para a lida, ofer­e­ce­mos uma carona até mais à frente.

Den­tro do carro ele dizia: — ah, doutor, esse Rio São João era um rio muito bonito, tinha a água trans­par­ente e uma infinidade de espé­cies de peixes. Sua faixa de areia vinha até onde hoje é essa pista por onde pas­samos. Nos finais de sem­ana as famílias se reu­niam às suas mar­gens para os ban­hos ou para piqueniques.

O Rio São João, a exem­plo de tan­tos out­ros que cor­tam a nossa ilha, sim­ples­mente deixaram de exi­s­tir, onde dev­e­ria ser o seu leito passa o esgoto de diver­sas casas ou con­domínios que foram surgindo ao lindo de suas mar­gens.

O mesmo acon­tece com o Paciên­cia, o Curu­ruca, o Cal­hau, o Bacanga, o Anil, e tan­tos out­ros.

Acred­ito que esses cur­sos d’água, tão impor­tantes para a ilha, já atin­gi­ram os seus “pon­tos de não retorno”, quais­quer medi­das, caso as autori­dades resolvessem ado­tar, difi­cil­mente teriam o condão de devolver-​lhes à pujança de outrora.

Perdemos os rios, perdemos parte da nossa história.

Em relação às futuras ger­ações, caberia, apro­pri­ada­mente a expressão: — perdeu, play­boy!

Ape­sar disso, acho que não custa apelar aos gestores que estão ini­ciando esse novo mandato em um momento tão cru­cial da história da humanidade, que se unam em um esforço comum de respeito ao meio ambi­ente.

Acred­ito que se tra­bal­harem para as futuras ger­ações ofertando-​lhes uma edu­cação de qual­i­dade aliando a isso a preser­vação de um ambi­ente sus­ten­tável já estarão fazendo algo extra­ordinário.

Esse tam­bém é um apelo para todos os demais gestores do Brasil. É pre­ciso que com­preen­dam que até para a preser­vação da memória é necessário que o “mundo exista”. Não adi­anta nada grandes real­iza­ções se as pes­soas tiverem que “brigar” diu­tur­na­mente para sobre­viverem em um ambi­ente abso­lu­ta­mente inóspito.

Faz-​se necessário que as autori­dades – e não ape­nas elas –, se pre­ocu­pem com o futuro das futuras ger­ações. Os desafios que as cri­anças de hoje terão quando atin­girem a idade adulta ou mesmo daqui a qua­tro, cinco ou seis anos.

É pre­ciso que com­preen­dam que cada fez mais os desas­tres nat­u­rais se tor­nam mais fre­quentes e desafi­adores.

O que nos espera daqui a uma década? Será que alguém se per­gunta isso? Será que esta­mos diante de algo tão grande que foge ao nosso campo de visão e de compreensão ?


A Carta da Ilha do iní­cio do século pas­sado é um chama­mento à razão.

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.

Pacto pela edu­cação: um apelo aos novos e aos atu­ais gestores.

Escrito por Abdon Mar­inho


Pacto pela edu­cação: um apelo aos novos e aos atu­ais gestores.

Por Abdon C. Marinho.

O TEMA que hoje tratare­mos já foi objeto de diver­sos out­ros tex­tos ao longo deste ano e das últi­mas décadas.

Falare­mos de edu­cação.

Vou além, falare­mos sobre a neces­si­dade urgente de faz­er­mos um pacto em torno da edu­cação como estraté­gia para sal­var­mos as nos­sas cri­anças e o futuro do nosso país.

Desde sem­pre sou um grande exem­plo do poder que a edu­cação opera na vida das pes­soas e por isso mesmo, um apaixon­ado pelo tema. Essa paixão fez com que investisse em pro­je­tos educa­tivos como ativi­dade para­lela à advo­ca­cia, profis­são que exerço com muito orgulho há quase trinta anos.

Imag­inem uma cri­ança nascida no inte­rior do inte­rior de um dos esta­dos mais pobres da fed­er­ação; filho de pais agricul­tores e anal­fa­betos “por parte, de pai, mãe e parteira”; que, acometido pela poliomielite no primeiro ano de sua vida pas­sou a con­viver com a “par­al­isia infan­til” desde então; que ficou órfão de mãe com pouco mais de cinco anos de idade; que foi cri­ado como “Deus cria batatas em beiras dos rios”; o que teria sido dela sem a educação?

Bem, esse cara sou eu, como diria o rei Roberto Car­los. Mas isso são out­ros detal­hes.

Tento pas­sado pela “escol­inha de latada”, que muitos não sabem do se trata, pelas unidades integradas das sedes do municí­pio, pelo giná­sio Ban­deirante, onde se fazia os três anos do fun­da­men­tal maior, o ensino médio no Liceu Maran­hense e por der­radeiro o Curso de Dire­ito na Uni­ver­si­dade Fed­eral do Maran­hão, pas­sei por todas as eta­pas do ensino público brasileiro e como estu­dioso do tema con­heço cada uma de suas difi­cul­dades.

Nos últi­mos trinta anos, como advo­gado, asses­sorei os mais diver­sos municí­pios do estado, ouvindo as histórias dos gar­ga­los da edu­cação – e tan­tos out­ros.

Esse ano recebi para o Natal Solidário, que real­izo a 16 anos, um dos meus irmãos, com a esposa, uma de suas fil­has, com seus dois fil­hos e uma amiga. Na “palestra” do final da tarde do dia 25 de dezem­bro, minha cun­hada, pro­fes­sora desde o já longíquo ano de 1979, falava-​nos de sua angús­tia e pre­ocu­pação ao encon­trar, nas suas idas ao mer­cado, cri­anças na faixa etária de 8, 9, 10, 11 anos “aman­heci­das”, já, provavel­mente, usuárias de dro­gas.

Pois bem, essa é uma tragé­dia cada vez mais fre­quente na maio­ria dos municí­pios brasileiros, de norte a sul do país temos teste­munhos de cri­anças “aban­don­adas” à própria sorte por seus pais e famil­iares e feitas “invisíveis” pelo poder público.

Tenho con­ver­sado com alguns ami­gos gestores públi­cos sobre a neces­si­dade e urgên­cia de faz­erem um “pacto pela edu­cação” que con­tem­ple edu­cação inte­gral desde os qua­tro anos de idade para todas as cri­anças da rede; com o acom­pan­hamento pelo poder público de sua fre­quên­cia esco­lar.

A ideia é que as cri­anças e ado­les­centes fiquem o maior tempo pos­sível na escola, de prefer­ên­cia, pelo menos das 7 às 17:30 horas em ativi­dades edu­ca­cionais, esporti­vas e cul­tur­ais, seja através de esco­las de tempo inte­gral, edu­cação inte­gral ou de con­traturno.

O impor­tante é que ten­hamos um acom­pan­hamento real dessas atividades.

Como disse, tudo que trata de edu­cação me inter­essa. Outro dia ouvi de uma téc­nica em edu­cação a um gestor que ele pode­ria colo­car as cri­anças de sua rede munic­i­pal das 7:30 às 14 horas e cadas­trar como edu­cação inte­gral pois as cri­anças cumpririam as 35 horas sem­anais exigi­das pela lei para aumen­tar ou mesmo dobrar os recur­sos da edu­cação daquele municí­pio.

E acres­cen­tava não “adi­antar” colo­car a cri­ança mais tempo (além das 35 horas sem­anais) em ativi­dade esco­lar uma vez que o MEC não iria repas­sar mais recur­sos para isso.

Emb­ora seja uma “ideia” acred­ito que a mesma vise ape­nas o inter­esse da admin­is­tração pública em ter mais recursos.

O pacto pela edu­cação que falo já foca mais no inter­esse da criança/​adolescente e do país. Pre­cisamos de uma edu­cação básica que eduque, que forme cidadãos capazes de con­tribuírem com o futuro da nação.

Entendo ser pri­mor­dial que elas fiquem a maior parte do tempo em ativi­dades edu­ca­cionais, esporti­vas e/​ou cul­tur­ais nas esco­las e/​ou out­ros equipa­men­tos públi­cos, sob a super­visão e acom­pan­hamento do poder público.

Um pacto pela edu­cação deve con­tem­plar uma maior inte­gração entre as sec­re­tarias munic­i­pais de edu­cação, assistên­cia social e saúde e os con­sel­hos tute­lares. Den­tro da per­spec­tiva de que o pro­fes­sor em sala de aula já reporte ime­di­ata­mente após a “chamada” a ausên­cia do aluno da sala ou da ativi­dade com­ple­men­tar.

Repor­tada a ausên­cia, o Con­selho Tute­lar jun­ta­mente com a Assistên­cia Social vai “in loco” ver­i­ficar o que acon­te­ceu com aquela criança/​adolescente e o acom­pan­har até que volte à sala de aula.

A Sec­re­taria de Saúde já entra na ver­i­fi­cação de algum prob­lema de saúde ocor­rido com a criança/​adolescente, pre­stando toda a assistên­cia necessária a sua pronta recu­per­ação, bem como, no acom­pan­hamento per­ma­nente do estado de saúde dessas crianças/​adolescentes de forma pre­ven­tiva, seja na saúde bucal, visual, etc.

Não podemos perder de vista que o Estatuto da Cri­ança e Ado­les­cente já esta­b­elece esse público como pri­or­i­dade abso­luta de atendi­mento médico, hos­pi­ta­lar ou de qual­quer assistên­cia.

A emergên­cia que vive o país não per­mite mais que cada sec­re­taria, secretários, gestores e/​ou profis­sion­ais só se pre­ocu­pem com o seu “quadrado”.

As análises que tenho feito dos números do IDEB percebo (salvo exceções) que há uma redução de aproveita­mento ao longo dos anos: os anos ini­ci­ais mel­hores que os anos finais e estes mel­hores que o ensino médio.

Ora, sendo o con­hec­i­mento acu­mu­la­tivo, não dev­e­ria ocor­rer o con­trário? As cri­anças não dev­e­riam ir “mel­ho­rando” de con­hec­i­mento com o pas­sar dos anos?

Tento enten­der o que tem ocor­rido, as moti­vações que levam crianças/​adolescentes a se desin­ter­es­sarem pelo apren­dizado com o pas­sar dos anos.

Pre­cisamos acen­der e man­ter acessa a chama do inter­esse pelo saber. Isso se con­segue tor­nando a escola e as ativi­dades com­ple­mentares mais atra­ti­vas, com con­teú­dos mais dinâmi­cos e diver­tidos, com ativi­dades esporti­vas que criem e for­t­aleçam os laços e que fomentem a dis­ci­plina.

Nada sub­sti­tui o con­hec­i­mento e/​ou o inter­esse pelo saber. Isso tem haver com o cresci­mento pes­soal do indi­ví­duo, por isso é tão impor­tante esse fomento.

Quando apre­sen­tei meus pro­je­tos educa­tivos na área de idiomas a um amigo ele me falou se não estaria fadado ao fra­casso uma vez que exis­tem diver­sas fer­ra­men­tas tec­nológ­i­cas de tradução instan­tânea. Disse-​lhe: — nen­huma delas sub­sti­tuirá jamais o prazer do con­hec­i­mento.

Resposta semel­hante dei a um outro quando disse que os meus “tex­tões” pode­riam ser sub­sti­tuí­dos por tex­tos de Inteligên­cia Arti­fi­cial (IA). Dizer-​lhe: — eu escrevo por prazer. Gosto se sen­tir as ideias fervil­harem na mente enquanto formo frases e con­teú­dos.

Isso, tam­bém, torna mais urgente esse pacto pela edu­cação: pre­cisamos fazer com que as crianças/​adolescentes enten­dam que não tem tec­nolo­gia capaz de sub­sti­tuir o seu con­hec­i­mento e inteligên­cia, que nasce­mos e temos capaci­dades para desen­volver tec­nolo­gias e não ser­mos escrav­iza­dos por elas.

Um dos maiores entraves para edu­cação do país – sei que muitos con­cor­dam e out­ros dis­cor­dam –, diz respeito à falta de com­pro­misso de gestores e edu­cadores. Já con­statei isso por diver­sas vezes: o prefeito até deseja fazer uma edu­cação difer­en­ci­ada mas não conta com uma equipe sufi­cien­te­mente com­pro­metida com as pro­postas de mudança e/​ou mel­ho­ria para a edu­cação.

No desafio de se fazer um pacto pela edu­cação é necessário fazer o con­venci­mento e vencer obstácu­los inter­nos e exter­nos. Se aque­les que têm efe­tivo com­pro­misso com a edu­cação não forem per­sis­tentes acabarão por “desi­s­tir” de sal­var as cri­anças e o futuro do Brasil.

Quando os novos gestores (ou mesmo os atu­ais) assumirem as respon­s­abil­i­dades pelos des­ti­nos de seus municí­pios pre­cisam aten­tar para a neces­si­dade e urgên­cia de faz­erem esse pacto pela edu­cação pois só ela será capaz de operar a ver­dadeira mudança na vida das pes­soas.

Abdon C. Mar­inho é advogado.

Edu­car é des­per­tar sonhos.

Escrito por Abdon Mar­inho


Educar é des­per­tar sonhos.

Por Abdon C. Marinho.

DURANTE minha última incursão pela Baix­ada com Max Harley, José André e Ali­son Fer­nando – quando fomos até Caru­ta­pera –, enquanto fazíamos o longo per­curso apre­ciando uma inusi­tada pais­agem de cam­pos desér­ti­cos em pleno dezem­bro, comen­tava sobre uma das ima­gens mais inspi­rado­ras que tomei con­hec­i­mento nos últi­mos tempos.

Falava do trans­porte de uma car­caça de avião que saindo da cap­i­tal do estado iria se trans­for­mar em uma bib­lioteca no inte­rior do estado, mais pre­cisa­mente no Municí­pio de Vargem Grande.

Max que presta serviço de con­tabil­i­dade naquele municí­pio me atal­hou: — ah, doutor, faz muito tempo que seu Car­lin­hos Bar­ros fala sobre isso, que iria trans­for­mar a edu­cação de Vargem Grande e que iria fazer “pousar” um avião por lá.

Tanto eu quanto ele tra­bal­hamos na eleição quando Car­lin­hos Bar­ros elegeu-​se pela primeira vez e, acho que, tam­bém, na segunda, mas ape­nas na parte eleitoral, Max que tra­bal­hou na cam­panha seguiu na gestão ajudando-​os com seus serviços e vas­tos con­hec­i­men­tos. Na última eleição (2024) mais uma vez tra­bal­hamos jun­tos no eleitoral.

Refleti sobre a questão do avião-​biblioteca. Achei extrema­mente curioso tal sen­si­bil­i­dade tenha par­tido não de um edu­cador, mas de um empresário que se encon­tra gestor de municí­pio.

Acom­pan­hando a “odis­seia” do avião rumo ao seu des­tino vi o brilho e olhar de curiosi­dade de cri­anças e até mesmo de adul­tos com tal engenho. Isso que é esplên­dido em se tratando de edu­cação.

O brilho no olhar de uma cri­ança é o ver­dadeiro des­per­tar de son­hos. Esse é o papel do edu­cador: fazer com que as cri­anças e jovens pos­sam des­per­tar os son­hos que cada um traz con­sigo e que muitas das vezes, pelas difi­cul­dades que car­regam por toda vida, sequer são des­per­ta­dos. Mor­rem com elas sem jamais virarem realidades.

O Municí­pio de Vargem Grande, nos últi­mos anos, operou uma ver­dadeira rev­olução na edu­cação com indi­cadores jamais vis­tos ante­ri­or­mente se tor­nando uma refer­ên­cia nessa área.

Mas, a despeito disso – que deve­mos con­sid­erar muito –, out­ros gestores, tam­bém, mel­ho­raram seus indi­cadores, talvez, não tanto quanto Vargem Grande, mas, mel­ho­raram.

A ideia do avião-​biblioteca vai além disso, vai além do indi­cadores porque sig­nifica des­per­tar son­hos e isso não pode ser quan­tifi­cado em números.

E, por isso mesmo, é curioso que tal com­preen­são e sen­si­bil­i­dade tenha par­tido de um empresário que até então não tinha con­hec­i­mento desse seu “olhar” pela edu­cação.

Digo isso com con­hec­i­mento de causa.

Há alguns anos tenho ten­tado con­cil­iar minha ativi­dade jurídica com a de empresário do setor edu­ca­cional tendo, inclu­sive, uma par­tic­i­pação em empresa que desen­volve pro­je­tos educa­tivos.

Essa empresa, a AME Mais Edu­cação é uma EDUTEC que tem por meta alfa­bet­i­za­ção das cri­anças do Brasil até o oitavo ano de vida em pelo menos duas lín­guas: por­tuguês e inglês através do pro­jeto Cidade Bilíngue.

A empresa pos­sui out­ros pro­je­tos na área de lín­guas para o ensino médio, público geral, cur­sos dire­ciona­dos ao segui­mento turís­tico, jurídico, médico, etc.

A minha origem cam­ponesa e pobre sem­pre me des­per­tou o inter­esse pela a edu­cação como uma forma efi­caz de desen­volver as poten­cial­i­dades de cri­anças e ado­les­centes e com isso fazer o país crescer. Esse foi um dos motivos que me fez apos­tar em uma empresa que tem esse propósito.

Esse adendo é feito ape­nas para pon­tuar que a edu­cação brasileira ainda é muito desigual, ape­nas para citar um exem­plo den­tro assunto ante­rior, enquanto as cri­anças da rede pri­vada começam a estu­dar lín­gua inglesa no ensino infan­til, na rede pública esse ensino só é obri­gatório a par­tir do sexto ano, são, pelo menos oito anos “rou­ba­dos” dessas cri­anças, que quando são “obri­ga­dos” a estu­darem uma segunda lín­gua encon­tram um mate­r­ial incom­patível com a sua real­i­dade e acabam desistindo, não se inter­es­sando, ou apren­dendo ape­nas o sufi­ciente para “pas­sar” de ano.

Para o estu­dioso do assunto, ex-​ministro, ex-​governador, ex-​senador, Cristo­vam Buar­que, trata-​se de um equívoco, vez que dev­eríamos já alfa­bet­i­zar as cri­anças em dois idiomas – pelo menos.

Pois bem, nessa mis­são que me impus de levar uma edu­cação de qual­i­dade e igual­itária para todas as cri­anças, desde os qua­tro anos ao ensino médio, profis­sional e até para os idosos, tenho me deparado com inúmeras situ­ações curiosas.

Muitos “edu­cadores” ainda se encon­tram pre­sos aos con­ceitos que chamo de edu­cação de “casa grande e sen­zala”.

Quem con­hece um pouquinho de história sabe do que falo. Enquanto os ricos, bem nasci­dos, os sen­horz­in­hos e sin­haz­in­has estu­dam nas mel­hores esco­las as cri­anças pobres recebem uma edu­cação de pés­sima qual­i­dade ou não recebem edu­cação nen­huma.

Isso resta claro nas vezes em que ouvi de secretários de edu­cação ou mesmo de alguns coor­de­nadores pedagógi­cos as seguintes frases: – doutor, como essas cri­anças vão apren­der inglês se não sabem por­tuguês? Ou, esse mate­r­ial é uma “Fer­rari” não vai servir para nos­sas estradas. Ou, os nos­sos pro­fes­sores não vão aceitar mais esse encargo.

Esses são ape­nas alguns exem­p­los dos diver­sos tipos que já encon­trei. As vezes os gestores se inter­es­sam em mel­ho­rar a edu­cação do municí­pio e encon­tram resistên­cias daque­les que por serem “edu­cadores” não dev­e­riam resi­s­tir, ao con­trário dev­e­riam ser os primeiros a cobrarem mel­ho­rias para a edu­cação.

Em muitas situ­ações, infe­liz­mente, aque­les que dev­e­riam explo­rar as poten­cial­i­dades das cri­anças e jovens são os primeiros a “duvi­darem” de suas poten­cial­i­dades.

Muitos fazem isso, pas­mem, por igno­rarem que qual­quer cri­ança, ado­les­cente, jovem ou pes­soa de qual­quer idade é capaz de apren­der.

Muitos fazem isso por como­di­dade: “estou recebendo o ‘meu’ todo mês por que vou querer mais tra­balho?”.

Cos­tumo dizer que com­por­ta­men­tos refratários a ofer­tar o maior número de fer­ra­men­tas pos­síveis de apren­diza­gem as cri­anças e ado­les­centes são “rou­bos” as suas opor­tu­nidades.

Ao negarem que cri­anças, ado­les­centes e jovens ten­ham uma edu­cação de qual­i­dade estão lhes roubando o futuro.

Vejam como é irônico: quem custeia a edu­cação do país são as cri­anças, ado­les­centes, adul­tos e idosos matric­u­la­dos na rede, quando os gestores de tais recur­sos neg­li­gen­ciam suas neces­si­dades estão lhes “roubando”. E, o pior, roubando-​lhes o que se tem mais impor­tante: o futuro.

Quanto vi a história do “avião do CB” (CB de Car­lin­hos Bar­ros) fiquei pen­sando: pô, cara, esse cidadão que é empresário a vida toda, a ponto de nem saber­mos sua profis­são de for­mação é capaz de com­preen­der a neces­si­dade de des­per­tar o sonho de mil­hares de cri­anças, de devolver-​lhes o brilho do olhar, que coisa mar­avil­hosa.

Que lição ele min­is­tra a tan­tos “edu­cadores” incré­du­los.

Isso mostra que nem tudo está per­dido.

Na estrada comen­tava com Max: — isso merece um tex­tão.

Viva a educação!

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.